Oito meses após ter sido reinaugurada pelo Presidente angolano João Lourenço os 130 trabalhadores da fábrica têxtil de Benguela dizem que não recebem salários há vários meses e que a produção está paralisada devido à falta de algodão.
Os seguranças, sem salários há sete meses, são os mais prejudicados, ao passo que o pessoal técnico reclama dois, três e quatro meses de salários em atraso.
Em nome do colectivo, o sindicalista Waldemar António diz que a nova gestora da fábrica, a empresa Baobab, do Zimbabwe, vem dando sinais de falta de credibilidade.
“Nós estamos paralisados há um mês, primeiro porque não pagam, é irregular, e também por causa da situação contratual”, disse afirmando que “até agora não temos contracto de trabalho, e em reuniões com a direcção, assim que chegaram, muitos disseram que a Baobab entrou num concurso público às escuras”.
“Isto assim é complicado para uma empresa nova, que quer crescer”, acrescentou.
O coordenador técnico e chefe da produção, João David, diz que não entra em detalhes sobre a situação da empresa, mas salienta que os salários e a falta de algodão devem ser resolvidos nos próximos dias.
“Sou apenas coordenador e supervisor da área técnica. As respostas devem ser dadas pelo Conselho de Administração, são razões administrativas que provocam atrasos”, disse o responsável.
Nos termos do contrato de gestão, a Baobab vai gerir a antiga África Têxtil durante 12 anos, produzindo algodão em Angola, devendo posteriormente adquirir a unidade.
Com capacidade instalada para produzir milhares de toneladas de bens têxteis, como tecidos, fios de algodão e toalhas, fruto de um financiamento de 480 milhões de dólares americanos, a fábrica tem planos chegar aos 1200 funcionários.