O presidente do Bloco Democrático Filomeno Vieira Lopes disse que os partidos da oposição poderão ir a tribunal pedir uma providência cautelar para impedir a companhia espanhola INDRA de participar na organização das eleições angolanas.
Vieira Lopes disse que há um consenso entre a oposição sobre esta questão.
“Deveremos avançar inclusive com uma providência cautelar”, afirmou acusando a companhia espanhola de em 2017 ter criado condições “para que existissem votos duplos”.
O dirigente do Bloco Democrático insurgiu-se também com os atrasos nos Balcões Únicos de Atendimento ao Público, BUAP, afirmando que “com este andamento nós vamos ter menos de 20% da população registada e, isto é uma clara violação porque vamos deixar muita gente fora”.
Filomeno Vieira Lopes disse haver uma intenção clara de deixar gente de fora do registo.
“Se organizamos mal quando temos instrumentos por organizar bem, então é porque há intenção”, disse.
INDRA e CNE negam irregularidades – UNITA insiste em afastar a companhia
A companhia espanhola INDRA já negou ter cometido qualquer irregularidade em Angola e nega também acusações de que foi escolhida num processo irregular tendo cumprido todos os requisitos legais.
A empresa espanhola diz também que na verdade quem concorreu directamente não foi a INDRA mas uma associada sua, chamada MINSAIT que foi selecionada pela CNE para conduzir as eleições angolanas.
Para a UNITA tanto a INDRA como a sua associada não são legítimas para organizar as eleições em Angola e o seu partido vai levar o caso a tribunal.
“Tanto uma a INDRA ou a sua associada MINSAIT não têm condições legais para organizar as eleições em Angola e quem deve esclarecer isso é a CNE”, disse.
Falando a rádio estatal angolana o porta voz da CNE Lucas Quilundo garantiu que não houve qualquer irregularidade na contratação da INDRA para prestar serviço e que cabe à própria UNITA que acusa provar.
Lucas Quilundo esclareceu também que erradamente tem -se dito que a INDRA vai organizar as eleições, pois ela é apenas uma prestadora de serviço contratada.
UNITA não quer “primos do MPLA” como observadores
O maior partido na oposição diz também que não vai aceitar como observadores eleitorais internacionais os que chamam de “primos do MPLA”.
“A UNITA não vai convidar o seu amigo para vir observar as eleições, pode-se por exemplo convidar a igreja católica que é idónea e credível para o efeito, já tivemos em 2008 a observação da União Europeia mas por ter feito uma apreciação crítica, nunca mais foi chamada, assim não vamos lá”, disse acrescentando que representantes de regimes autoritários e totalitários “não devem vir observar eleições em Angola”.
“Como é que alguém que não é democrata vai vir observar eleições democráticas? São estes que são os primos do MPLA, estes não vamos aceitar”, disse.