Banco Central Europeu supera previsões e eleva pacote de estímulo económico para 1,35 trilião de euros, além de manter as taxas de juros em baixa recorde. Medidas visam impulsionar economia do bloco após recessão.
O Banco Central Europeu (BCE) superou as expectativas e aprovou uma expansão maior do que a esperada em seu programa de emergência para a aquisição de títulos da dívida pública e privada para minimizar os efeitos da pandemia de covid-19, aumentando o valor em mais 600 biliões de euros, para 1,35 trilião de euros (R$ 7,8 triliões). Trata-se de um esforço da instituição para manter o fluxo de crédito acessível durante a recessão gerada pelas paralisações em razão da doença.
O novo estímulo será acrescentado aos esforços dos governos europeus e acções similares adoptadas por outros bancos centrais, como o Federal Reserve dos Estados Unidos, Banco da Inglaterra, Banco do Japão e outros, enquanto o mundo se esforça para se adaptar ao impacto sofrido tanto pelos países mais pobres quanto pelas economias mais desenvolvidas.
O BCE, responsável pelos 19 países da zona do euro, também ampliará seu programa de estímulo financeiro ao menos até junho do próximo ano, em vez do prazo anterior, que se encerrava no final de 2020.
O banco europeu prevê uma retracção económica de 8,7% este ano na zona do euro e uma recuperação de 5,2% em 2021 e de 3,3% em 2022. A presidente do BCE, Christine Lagarde, alertou, após videoconferência com os 25 membros do Conselho do BCE, que a “velocidade e escala da retomada são altamente incertas”.
“Enquanto dados de pesquisas e indicadores de actividades económicas em tempo real demonstram alguns sinais de que podemos ter atingido o ponto mais baixo, juntamente com o relaxamento gradual de medidas de confinamento, a melhora até agora tem sido branda em comparação com a velocidade em que os indicadores desabaram nos últimos dois meses”, observou Lagarde.
O programa de emergência do BCE prevê a compra de títulos corporativos e governamentais e outros activos dos bancos, pagando com dinheiro emitido recentemente. Isso contribui para taxas de juros baixas em longo prazo e evita que a pandemia possa exaurir os financiamentos para os empréstimos.
A ampla dimensão dessas aquisições também envia um sinal para os mercados financeiros de que o BCE está determinado a assegurar as taxas de juros baixas ao longo da zona do euro e previne o aumento dos custos dos empréstimos para os países endividados, como a Itália.
O apoio do BCE se soma aos 540 biliões de euros em ajuda financeira bancados pelos países da zona do euro, que incluem linhas de crédito do fundo de resgate europeu, além do fundo de recuperação em longo prazo de 750 biliões de euros que está sendo negociado.
A Alemanha, a principal economia do bloco europeu, propôs nesta quarta-feira um pacote de estímulo de 130 biliões de euros que inclui auxílios à indústria e às famílias e incentivos ao consumo. As iniciativas de estímulo à economia em todo o continente visam aplacar os efeitos da queda de 7,75% na produção económica prevista pela Comissão Europeia para 2020 e dar apoio a uma retomada nos próximos anos.
O BCE manteve as taxas de juros em 0% nesta quinta-feira, uma baixa recorde. As taxas sobre depósitos em bancos comerciais são agora de – 0,5%, como mecanismo para forçar os bancos a emprestar os capitais excedentes. O BCE também estabeleceu ofertas de crédito em longo prazo para os bancos a taxas ainda mais baixas para as instituições que comprovarem que estão concedendo empréstimos à empresas.