Prossegue o contencioso sobre a Barragem da Renascença Etíope, após novo falhanço nas negociações tripartidas entre a Etiópia, o Sudão e o Egipto, esta quarta-feira, 7 de abril em Kinshasa, na RDC. Em mais uma ameaça a Adis Abeba, o Presidente egípcio Abdel Fatah El Sissi declarou que “não quer que se chegue ao ponto em que a Etiópia toque numa gota de água do Egipto, porque todas as opções estão em aberto”.
O Egipto e o Sudão contestam desde 2011 este projecto de barragem etíope, num eixo fluvial determinante para toda a região e este novo posicionamento surgiu na sequência do falhanço a 7 de abril em Kinshasa de mais uma ronda de negociações tripartidas entre a Etiópia, onde se situa a nascente do Nilo Azul, o Sudão onde o Nilo Azul e Nilo Branco se fundem, e o Egipto – o gigante árabe com 100 milhões de habitantes, que obtém 98% da sua água do rio Nilo e cujo caudal depende 85% do Nilo Azul, que provém da precipitação nas terras altas do norte da Etiópia.
O Cairo tem reiterado assertivamente que pode recorrer a um ataque militar se necessário. A supremacia das forças armadas Egípcias, com o 13° exército mais poderoso do mundo, em relação ao Etíope é indiscutível.
Nas ruas do capital Egípcia respira-se a mesma confiança ao ponto de haver piadas nas redes sociais sobre esta disputa. Uma delas, no Facebook, na semana passada, na sequência de 21 salvas militares num desfile de múmias de antigos reis do Egípto, os egípcios disseram aos etíopes que, “se fazemos isto quando estamos felizes, imaginem quando estamos zangados”.
A primeira estacão das chuvas já começou nas montanhas da Etiópia e Adis Abeba diz que vai começar em breve a 2ª fase do enchimento da barragem da Grande Renascença.
A disputa entre a Etiópia e os países a jusante reside principalmente no desacordo em relação ao número de anos em que a barragem deve encher. A Etiópia quer atingir capacidade máxima em 6 anos, ao passo que o Egipto diz que tal deverá acontecer em entre 12 a 21 anos – de acordo com os níveis de precipitação.