Elizandro Joel lançou-se no mundo da literatura no ano passado com o romance “Realidades Camufladas”, uma obra de publicação independente com tiragem de 200 cópias. Em entrevista à Voz da América, ele contou que a ideia do livro é abordar os traumas da nova geração angolana através de um outro prisma.
O autor explicou que a influência da globalização juntamente com outros fenômenos que já existiam em Angola criaram vários traumas na vida dos jovens, cujos os quais eles não souberam lidar. Quem ler o livro descobrirá que a personagem principal passa por vários desses traumas.
Elizandro disse que “Realidades Camufladas” está dividido em três partes: o desenvolvimento da teoria da arte da camuflagem, onde a temática principal é a hipocrisia humana; a má interpretação racial, as ilhas que separam os pais e os filhos em Angola; e a conexão da nova geração angolana com o mundo, por intermédio da globalização e suas consequências.
Sobre a teoria da camuflagem, o autor afirmou que em Angola todos vivem na hipocrisia. “No mundo atual o ser humano é obrigado a camuflar porque quem é muito verdadeiro e irreverente não é aceito num mundo de mentiras. Se o Elizandro traz verdades neste livro há quem diga que o Elizandro enlouqueceu”.
Elizandro citou um exemplo pejorativo para ilustrar o que acontece em Angola dizendo que a imagem que muitas pessoas têm dos jovens angolanos é de que eles são bêbados e preguiçosos. No entanto, o jovem autor explicou que isso não é verdade porque há muitos jovens angolanos que poderiam estar a contribuir para a mudança do mundo.
No que toca a má interpretação racial, o autor explicou que a mistura de raças no país criou uma espécie de “confusão” na cabeça de alguns angolanos, pois muitos pardos, negros de pele mais clara, acreditam ser brancos. “Eu conheço pessoas que só souberam que são negras quando alterou o estatuto do bilhete, passando a vir no BI raça negra, ao invés de raça mista.”
Já sobre a conexão da nova geração angolana com o mundo, o autor comentou que a sua geração não é valorizada no seu próprio país. “Não contam com o jovem angolano para o futuro da nação. O jovem angolano é obrigado a mostrar-se ao mundo para ser valorizado em Angola”.