A ex-primeira-ministra de Myanmar vai ser julgada a partir da próxima segunda-feira por crimes como incitação à desordem pública e violação da lei de segredo de Estado, anunciou a sua advogada.
“Teremos os testemunhos da acusação e outras testemunhas a partir de dia 14 de junho”, disse a advogada de Aung San Suu Kyi em declarações citadas pela AFP após um encontro com a sua cliente na capital do país, Naypyidaw.
Aung San Suu Kyi foi deposta a 1 de Fevereiro por um golpe militar e desde aí tem estado em prisão domiciliária, até à semana passada, altura em que a junta militar a levou para um local desconhecido.
A antiga dirigente birmanesa reapareceu pela primeira vez em público a 24 de maio, data em que compareceu perante o tribunal.
As manifestações contra a prisão da antiga primeira-ministra têm-se multiplicado nos últimos meses, com protestos diárias um pouco por todo o país. Estes protestos têm sido reprimidos de forma violenta pelos militares, tendo levado já a mais de 4.000 detenções e mais de 800 mortos, segundo organizações não-governamentais no terreno, depois do golpe.
A equipa de advogados de Aung San Suu Kyi, de 75 anos, apenas pôde estar com ela duas vezes desde o golpe e confirmou que a Prémio Nobel da Paz está “de boa saúde”.
A junta militar que detém actualmente o poder já ameaçou dissolver o partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia, que ganhou as eleições legislativa em 2020.
Uma decisão sobre o partido pode ser tomada no próximos dias, já que a comissão eleitoral, próxima da junta militar, declarou que a investigação por alegada fraude do partido de Aung San Suu Kyi estaria quase terminada.