VOA | Ramos Miguel
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, voltou a acusar a Renamo de, deliberadamente, atrasar o processo de desmilitarização, desmobilização e reintegração dos guerrilheiros da Renamo, que se pretende esteja concluído antes das eleições de Outubro próximo.
O porta-voz da Renamo, José Manteigas, reagiu afirmando que no memorando de entendimento assinado entre o Presidente Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, está incluída a integração dos guerrilheiros nos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) e nas instituições de ensino das Forças de Defesa e Segurança, “mas a Frelimo não está a ceder”.
Observadores dizem que o atraso que se regista na desmilitarização do braço armado da Renamo traduz o nível de desconfiança entre o Governo de Moçambique e o antigo movimento rebelde, e não faz parte de uma eventual estratégia de pressão armada.
Para o analista Francisco Ubisse, isto revela que a desconfiança entre as partes ainda é muito grande, por um lado, e por outro, pode ser uma indicação de que a Renamo pretende continuar a manter os seus homens armados como forma de pressão armada sobre a Frelimo, no âmbito da sua luta pela democracia em Moçambique.
Contudo, para o analista Constantino Marrengula “parece bastante difícil sustentar a estratégia de pressão armada, apesar de ser possível criar alguns focos de instabilidade, sobretudo porque, eventualmente, a Renamo poderá não contar com o apoio da comunidade internacional nessa estratégia.
Raúl Domingos, antigo negociador-chefe da Renamo do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992, diz que a desmobilização dos guerrilheiros é um assunto que deve ser tratado com muito cuidado, numa negociação em que ninguém saia a perder.
“Não pode ser nada forçado, sob o risco de ser um processo mal acabado e capaz de trazer consequências desastrosas para aquilo que é o desejo de todos os moçambicanos, que é uma paz efectiva”, destaca o também Presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD).