Pelo menos 10 soldados malianos foram mortos este domingo (21.04) num ataque contra um acampamento militar na fronteira com a Mauritânia. Autoridades de segurança acreditam se tratar de uma acção de jihadistas.
“Há pelo menos dez militares mortos, os terroristas vieram da floresta de Wagadou”, um refúgio de islamitas do Mali há anos, vinham de motociclos e carrinhas pick-ups”, afirmou uma fonte de segurança que pediu anonimato à agência de notícias France Press, citada pela DW África. Outras fontes policiais informaram à agência EFE que os mortos são pelo menos 13.
As Forças Armadas do Mali (FAMa) confirmaram o ataque no Twitter: “Os #FAMa foram atacados no domingo, 21 de Abril de 2019, por volta das 5:00 no #Guire, na área de #Nara. Foram enviados reforços. Estão em curso avaliações”.
“Os tiros eram como chuva, os soldados ficaram surpresos, os jihadistas vieram do leste e do sul do campo militar, queimaram veículos e levaram veículos. Vi dois terroristas colocarem as suas motos num veículo do exército para partir com ele”, afirmou um morador local à agência France Press.
De acordo com uma fonte militar do Mali, foram enviados reforços de Nara, que fica 370 km a norte de Bamako e a 105 km de Guiré.
Histórico de ataques
O norte do Mali foi tomado em Março-Abril de 2012 por grupos jihadistas, entretanto dispersos por uma intervenção militar lançada em Janeiro de 2013 por iniciativa francesa.
Contudo, zonas inteiras escapam ao controlo das forças malianas, francesas e da ONU apesar da assinatura, em 2015, de um acordo de paz que pretendia isolar definitivamente os jihadistas. A partir de 2015 a violência propagou-se ao centro do país, mais densamente povoado, agravando os conflitos intercomunitários.
Em 23 de Março, um massacre imputado a caçadores Dogon que se apresentavam como um “grupo de autodefesa” antijihadista fez cerca de 160 mortos na aldeia Fula de Ogossagou, perto da fronteira com o Burkina Faso.
O Mali converteu-se também numa zona perigosa para as forças das Nações Unidas, já que 119 “capacetes azuis” morreram e 397 ficaram feridos em consequências dos ataques de grupos armados desde 2013.
A violência no Mali já provocou 260 mil refugiados e deslocados, segundo uma responsável das Nações Unidas, que pediu um reforço da ajuda humanitária, estimando que 3,2 milhões de pessoas precisam de assistência.
Os últimos ataques coincidem com o período em que o Presidente Ibrahim Boubacar Keïta iniciou as consultas para escolher um novo primeiro-ministro – dois dias depois do anterior, Soumeylou Boubèye Maïga, demitir-se com todo o seu gabinete, sob pressão do Governo e da oposição, por não ter conseguido controlar a agitação jihadista e de milícias étnicas no país.