Governo do Níger decreta luto após ataques deixarem dezenas de mortos numa aldeia próxima à fronteira com o Mali. Nenhum grupo jihadista ou milícia étnica reivindicou a ação. Vítimas voltavam de um mercado na região.
O Governo do Níger afirmou esta terça-feira (16.03) que os ataques de segunda-feira junto à fronteira com o Mali – que atingiram um grupo de civis que regressava de um mercado – mataram ao menos 58 pessoas.
Na segunda-feira à tarde, “grupos de indivíduos armados ainda não identificados intercetaram quatro veículos que transportavam passageiros que regressavam do mercado semanal de Banibangou para as aldeias de Chinagodrar e Darey-Daye”, indicou um comunicado do Governo, lido esta noite na televisão estatal e citado pela agência France-Presse (AFP).
“Estes indivíduos procederam de forma cobarde e cruel à execução seletiva de passageiros. Na aldeia de Darey-Daye mataram pessoas a atearam fogo a celeiros”, acrescentou o documento. O Governo referiu ainda que os “atos bárbaros” deixaram “58 pessoas mortas, uma pessoa ferida, vários celeiros e dois veículos incendiados”, roubando ainda outros dois veículos.
Sem autoria conhecida
Banibangou é o lar de um dos mais importantes mercados semanais próximos da fronteira com o Mali. A região de Tillabéri, localizada na zona das “três fronteiras” Níger-Mali-Burkina, frequentemente atacada por grupos ‘jihadistas’, é também altamente vulnerável à insegurança alimentar crónica, agravada pelo estado de emergência.
Os ataques não foram ainda reivindicados por nenhum grupo.
Além dos grupos ‘jihadistas’, a região de Tillabéri alberga também grupos antiterroristas, que os especialistas dizem ter levado a um aumento de milícias étnicas, alimentado as tensões intercomunitárias.
O ataque de segunda-feira teve contornos semelhantes aos realizados em 2 de janeiro e que resultaram na morte de mais de 100 pessoas, segundo um balanço do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).
Em 12 de janeiro, a OCHA divulgou uma nota em que estimava que cerca de 10.600 pessoas tivessem abandonado 1.523 casas nas aldeias de Tchoma-Bangou e Zaroum-Dareye, no sudoeste do país, para outros locais da região de Tillabéri.