Vice-presidente assume cada vez mais projectos polítcos difíceis que alguns consideram impossíveis mandatados por Joe Biden
O papel do vice-presidente dos Estados Unidos não está definido na constituição. O seu papel era apenas o de assegurar que no caso da morte do presidente não haveria um vácuo de poder e daí dizer-se que o que separa um vice-presidente da presidência é apenas um bater do coração.
E daí também dizer-se durante muito tempo que os deveres do vice-presidente eram de ir a tomadas de posse de dirigentes estrangeiros e a funerais de estado.
Tudo isso tem vindo a mudar nas ultimas décadas. Recordemos por exemplo o papel importante de Dick Chenney na presidência de George W. Bush e mesmo que Joe Biden não tivesse esse papel na presidência de Barack Obama ela era muitas vezes convidado a participar em decisões importantes, como , a titulo de exemplo, a decisão de se lançar a operação no Paquistão para apeender ou matar Osama bin Laden.
Hoje um vice-presidente tem um vasto gabinete de conselheiros que cobrem todo o espectro da política interna e externa e é visto como parte integrante do gabinete do presidente, se bem que muitas vezes a sua escolha se deva a interesses eleitorais e não ao comungar de opiniões.
Kamala Harris: De oponente de Biden a possível sucessora
E tudo isso nos traz a Kamala Harris, a primeira mulher na vice-presidência, adversària de Biden nas primárias eleitorais e que tendo em conta a idade do presidente Joe Biden é vista como potencial candidata à presidência se Biden decidir não concorrer a um segundo mandato como se espera.
O Presidente Joe Biden tem nas últimas semanas passado para a vice-presidente tarefas complicadas e difíceis fazendo com que Kamala Harris tenha muito mais que pensar do que em tomadas de posse de dirigentes estrangeiros ou recepções para ministros de países menos importantes que aqui se deslocam regularmente.
Assim ela está encarregue de chefiar as iniciativas da administração Biden para proteger os direitos de votos, vai chefiar o Conselho Espacial , chefiar as iniciativas para se melhorar o acesso através do país a internet de alta velocidade e assumir o papel de embaixadora do governo junto das pequenas empresas, algo que pode ser difícil e que implica explicar a pequenos empresários a política fiscal do governo numa altura em que se fala de subida de impostos.
A tarefa impossível: Imigração
Kamala Harris chegou ontem à Guatemala como ponta de lança da sua última missão dada por Joe Biden. Harris foi encarregue de tentar resolver a crise da imigração ilegal que sem dúvida será uma das armas eleitorais do partido Republicano já nas eleições legislativas do próximo ano.
Mais de 179.000 imgirantes ilegais foram apreendidos na fronteira sul dos Estados Unidos em Abril muitos deles sem dúvida atraídos pelas notícias de um abrandamento na política de expulsões durante a presidência de Donald Trump e para se impedir a continuação dessa fluxo é preciso contar com o apoio dos países da América Central.
Todas estas tarefas dadas à vice-presidente tem servido para algum humor como aquela caricatura num jornal americano em que Harris pergunta ao presidente qual é o seu trabalho e este responde afirmando que o seu trabalho é dar-lhe trabalho
“Nao sei o que dizer mas se eu fosse a vice-presidente Harris e o Presidente Biden continuasse a dar-me as tarefas mais dificeis eu diria: É pá o que é que se passa?”, disse o comentarista de assuntos políticos da CNN David Chalian.
“Mas agora com isto sobre a imigração ela tem em mãos batalhas políticas verdadeiramente duras à sua frente”, acrescentou.
Na verdade houve notícias de que o próprio pessoal da vice-presidente tinha ficado descontente pelo modo como esta última tareda dada pelo presidente, para tentar resolver a crise da imigração, foi anunciada sendo muito vaga sedo uma missão impossível,, com o nome de “encontrar as raízes das causas daimigração”
Ari Fleischer foi porta voz do presidente George W Bush e disse que esta nova tarefa está condenada ao fracasso porque “não há a possibilidade de um americano conseguir resolver os problemas da América Central que estão relacionados com a corrupção e crime”.
“Nós nem sequer conseguimos resolver os problemas de crime nas cidades americanas e muitos menos o vamos conseguir na América Central e por isso é uma missão para falhar e ela ja falhou porque não fez nada sobre isso até agora”, disse Fleischer.
“Foi algo de estranho que Joe Biden fez quando atirou com isso a ela e por isso não a culpo por estar um pouco irritada porque é missão impossível”, acrescentou .
A vice-presidente não pode ser mais visível que o presidente
Tudo isto se complica porque com 78 anos de idade, e como acima dissemos, é provavel que Joe Biden decida não concorrer a um segundo mandato o que torna Kamalara Harris como candidata certa à presidência. E daí que nos últimos tempos tenham aumentado as criticas e ataques a Kamala Harris por parte de comentaristas e políticos conservadores .
Muitos deles irão sem dúvida fazer notar que qualquer que seja o resultado da sua missão na América Central o fluxo de imigrantes ilegais não vai terminar. Tentar passar legislação sobre a protecção dos direitos de votos é algo também quase que impossivel tendo em conta que até alguns senadores Democratas se opõem à proposta
Para Kamala Harris como para qualquer presidente a sua posição é extremamente difícil porque não pode fazer sobre saír a sua voz à do presidente e quando não o faz é acusada de não estar ao nível dos desafios. Não pode também em publico opor-se ao presidente.
Uma coisa é certa: nos próximos meses os ataques a Kamala Harris por parte da oposição americana não vão diminuir com ela sempre na sombra do presidente Biden
Talvez, quem sabe, era bem melhor quando os vice presidentes iam a tomadas de posse, inaugurações e funerais de estado. Eram bem mais relaxado.