O artista NegoVila Madalena, de 40 anos, foi morto na madrugada de sábado, 28, após ser atingido por um tiro na frente de uma distribuidora de bebidas próxima do bairro que lhe emprestava o nome artístico. O policial militar Ernest Decco Granaro foi indiciado por homicídio simples.
“O caso está sendo registrado pelo 14.º DP (Pinheiros), que apura os fatos”, informou, por nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. “A Polícia Militar também instaurou um inquérito policial-militar (IPM) para investigar todas as circunstâncias relacionadas à ocorrência.”
De acordo com o boletim de ocorrência, um policial militar de 36 anos fez dois disparos e matou Wellington Copido Benfati, nome de NegoVila, e quando os policiais de plantão chegaram ao local ele resistiu às ordens, foi algemado e detido em flagrante. Benfati chegou a receber atendimento médico, mas morreu no Hospital da Lapa, zona oeste da capital paulista.
NegoVila estava com um grupo de amigos na frente de uma distribuidora que fica na esquina das Ruas Inácio Pereira da Rocha e Deputado Lacerda Franco, em Pinheiros. Próximo das 4h30 de sábado, ele teria tentado separar uma briga entre um de seus colegas e o policial militar Granaro – e se envolveu na confusão. O policial atirou para cima, causando uma correria, e o artista em seguida caiu no chão. O policial se aproximou e atirou novamente.
A polícia chegou ao local, próximo do 14.º DP, após alguns minutos. Na delegacia, o policial militar detido alegou que se defendeu de agressões e apresentava sinais de embriaguez. O motivo da discussão ainda não foi esclarecido, o Estadão tentou contato com o advogado de Granaro, citado no BO, mas não foi atendido.
O velório e o sepultamento ocorreram neste domingo, 29, no Cemitério da Lapa, sob forte emoção de família e conhecidos. “A última camiseta que o Nego comprou foi uma camiseta branca. Ele estava vestido com ela!”, escreveu nas redes sociais a irmã do artista, Tatiane Benfati.
NegoVila era muralista, artista plástico e cenógrafo. Ele deixa uma filha de 9 anos. “Nego Vila – salve!”, após 8 dias de uma das mortes que, pelo registro de imagens, chocou o Brasil, mais um homem preto morre violentamente”, lamentou pelo Instagram o produtor cultural Kleber Pagu, fazendo referência ao caso ocorrido anteriormente em um mercado de Porto Alegre. “Esse homem preto era Nego Vila, nosso irmão, artista e produtor, representava a típica persona de ‘todo nego vila’, guerreiro, trabalhador, persistente, resistente.”