A Saudi Aramco está em conversações com empresas para projetos de gás natural liquefeito (GNL) nos Estados Unidos, numa altura em que os rivais na região também estão a expandir-se no sector.
O maior exportador mundial de petróleo bruto está em “discussões com uma série de entidades nos EUA e em outras regiões”, disse o CEO, Amin Nasser , numa teleconferência de resultados com repórteres. A empresa se concentrará no GNL internacionalmente e procurará usar a sua produção de gás internamente para produzir hidrogênio azul e energia, disse ele.
O impulso da Aramco coincide com a busca da Abu Dhabi National Oil Co. por aumentar a sua presença global com grandes negócios em produtos químicos e gás. Enquanto procura metas, os Emirados Árabes Unidos e o Qatar também apostam dezenas de milhares de milhões de dólares na expansão da sua própria capacidade de exportação de GNL . É uma aposta que o gás mais limpo será necessário enquanto outros, como a Agência Internacional de Energia, dizem que as perspetivas não são tão animadoras.
A abordagem da Aramco nos EUA surge no meio da pausa dos EUA na aprovação de novas licenças para exportações de GNL, o que ameaça atrasar os projetos propostos no final da década de 2020. A empresa, porém, vem tentando estabelecer operações de GNL há alguns anos. Ela entrou no setor com um acordo para comprar uma participação na MidOcean Energy por US$ 500 milhões no ano passado, o que lhe daria ativos na Austrália.
A empresa saudita, que atualmente aguarda aprovações para a conclusão da transação, pode fazer mais negócios com a MidOcean, disse Nasser.
Embora esteja a planear maiores operações de gás, o petróleo continua a ser a espinha dorsal dos negócios da Aramco. A empresa está buscando acordos em refinação e produtos químicos na Ásia, disse o presidente da unidade downstream, Mohammed Al Qahtani, em janeiro. Nasser reiterou no domingo que a empresa estava avaliando projetos na China.
Aramco aumenta pagamento dividendos para o orçamento saudita
Entretanto, a Aramco aumentou os seus dividendos apesar da queda nos preços da energia e da redução da produção, um impulso para a Arábia Saudita, que enfrenta um défice orçamental crescente.
O pagamento total de cerca de 31 mil milhões de dólares, que inclui uma componente especial, para o quarto trimestre aumentou mesmo quando a menor produção de petróleo fez com que o rendimento líquido caísse 25% em termos anuais.
O dividendo mais elevado também ocorre no momento em que o governo saudita está retomando os planos para uma oferta subsequente de ações da Aramco este ano. Os investidores globais recusaram as expectativas de avaliação do reino e o baixo rendimento do reino em comparação com os seus pares da indústria durante o IPO da empresa em 2019.
Os potenciais investidores ficarão atentos ao défice orçamental do estado. O governo saudita prevê um défice todos os anos até 2026, forçando-o a adiar para além de 2030 alguns dos projectos que lançou como parte do seu plano de transformação económica Vision 2030. Também ordenou no mês passado que a Aramco suspendesse a expansão da sua capacidade de produção, ajudando a libertar gastos para outras áreas.
As receitas de exportação de petróleo da Arábia Saudita caíram para 248 mil milhões de dólares no ano passado, uma diminuição de quase 80 mil milhões de dólares que lembrou a sua dependência dos elevados preços da energia.
