O Presidente da República de Angola, João Lourenço, visitou esta sexta-feira o ex-Presidente José Eduardo dos Santos pela primeira vez desde o regresso do antigo Presidente ao país, em Setembro.
O encontro foi descrito na página da embaixada de Angola em Portugal como “um gesto dentro do espírito de celebração do Natal”.
João Lourenço tinha falado há dias pela primeira vez sobre o regresso do seu antecessor, José Eduardo dos Santos, ao país, em declarações ao Financial Times, num artigo sobre os desafios do futuro para Angola que destacava as dificuldades do Presidente perante uma “tempestade” económica.
“O facto de José Eduardo dos Santos ter voltado é bom para toda a gente, não apenas para a nossa relação, mas bom para o país, bom para o partido”, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), disse João Lourenço ao Financial Times (FT).
O jornal assinalou o tom conciliatório de Lourenço, lembrando que a luta contra a corrupção que o actual Presidente elegeu como bandeira “causou estragos no MPLA”, no poder há 46 anos. A filha mais velha de José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, tem sido um dos principais alvos da justiça angolana. O filho José Filomeno dos Santos viu recentemente confirmada pelo Supremo uma pena de cinco anos de prisão por crimes incluindo burla e tráfico de influências no chamado “caso dos 500 milhões”.
A ausência de José Eduardo dos Santos foi também notada no congresso do partido, no início do mês, em que João Lourenço foi reeleito na chefia com 98% dos votos.
José Eduardo dos Santos regressou a Angola a 14 de Setembro, depois de mais de dois anos em Espanha. Foi recebido no aeroporto pelo Protocolo do Estado, mas sem presença de nenhum membro do Governo ou dirigente do MPLA, partido do qual é presidente emérito, lembra a agência Lusa. Passados dois dias a Presidência deu conta de um telefonema entre o actual e o ex-Presidente.
A unidade no partido quando se aproximam as eleições do próximo ano é agora vista como essencial, diz ainda o FT. Cinco anos seguidos de recessão económica fazem com que o MPLA pareça mais vulnerável do que em qualquer outra altura do seu domínio de quase cinco décadas em Angola. No início do mês, uma sondagem dava o então recém-eleito líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, como favorito nas eleições, com 53,4% das intenções de voto contra 30,1% de João Lourenço.