O Conselho de Segurança (CS) da ONU deu o seu apoio unânime à recandidatura do secretário-geral António Guterres a um segundo mandato nesta terça-feira, 8, abrindo caminho à sua reeleição na Assembleia Geral prevista o dia 18 de Junho.
“Ele já provou ser digno do cargo com os cinco anos que está no posto”, afirmou o embaixador da Estónia junto da ONU e presidente em exercício do CS, após ler o comunicado aos repórteres.
Sven Jurgenson acrescentou que Guterres “tem sido um excelente secretário-geral, um construtor de pontes, ele é capaz de falar com todos, e acho que isso é algo que se espera de um secretário-geral”.
A aprovação da candidatura do antigo primeiro-ministro português foi votada por aclamação numa reunião a portas fechadas, com os 15 membros do órgão mais importante da ONU a adoptar uma breve resolução.
Ao reagir ao apoio do CS, Guterres classificou-o de “grande honra”.
“Eu ficaria profundamente honrado se a Assembleia Geral me confiasse as responsabilidades de um segundo mandato”, acrescentou o secretário-geral num comunicado no qual destacou ter sido um “um imenso privilégio” servir “nós, os povos”, durante os últimos quatro anos e meio, “quando enfrentamos tantos desafios complexos”.
António Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal e antigo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, foi eleito secretário-geral da organização, em 2016, após uma acirrada disputa entre 13 candidatos.
Ele assumiu o cargo a 1 de Janeiro de 2017 e deve iniciar um segundo mandato em Janeiro do próximo ano.
Embora todos os secretários-gerais tenham sido reconduzidos a um segundo mandato, à excepção do egípcio Butros Galli, que foi vetado pelos Estados Unidos, este ano sete personalidades apresentaram a sua candidatura, mas nenhuma, à excepção de Guterres, teve o aval formal do seu Governo, requisito necessário exigido pela ONU.
Líderes portugueses saúdam, HRW critica
O Presidente e o primeiro-ministro de Portugal saudaram já a recondução de António Guterres.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que “é um prestígio enorme para Portugal esta aceitação a nível mundial de países tão diferentes como os Estados Unidos da América, o Reino Unido, a França, a República Popular da China e a Federação Russa” e que o “facto deles darem esta luz verde significa, no fundo, um caminho aberto para a Assembleia Geral depois adoptar em plenário a decisão”.
Por seu lado, o chefe do Governo, António Costa, destacou que “António Guterres tem sido um incansável lutador pela paz, um defensor dos direitos humanos e um grande advogado da ação climática para a defesa do futuro da humanidade”.
Entretanto, o director executivo da organização não governamental Human Rights Watch reiterou as críticas anteriores feitas a Guterres por, segundo ele, permanecer em silêncio publicamente durante o seu primeiro mandato sobre “abusos dos direitos humanos pela China, Rússia e Estados Unidos e seus aliados”.
Kenneth Roth destacou a “abordagem não confrontadora” de Guterres em relação aos esforços do ex-Presidente americano Donald Trump para marginalizar os direitos humanos e abraçar os líderes autoritários e em relação ao que ele chamou de “crimes contra a humanidade” e instou Guterres a “usar os próximos cinco anos para se tornar num forte defensor dos direitos”.