28 pessoas foram massacradas e mortas a 30 de janeiro em Cafunfo pelas Forças de Defesa e Segurança, conclui o relatório apresentado ontem quarta-feira, 10 de fevereiro, em conferência de imprensa em Luanda pelos deputados da Unita, que se deslocaram à Lunda Norte, mas ficaram retidos a poucos quilómetros de Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda Norte.
Um relatório elaborado por um grupo de deputados da Unita apurou a morte de 28 pessoas e dezenas de feridos no Cafunfo, município do Cuango, na Lunda Norte.
Os parlamentares do maior partido da oposição, levaram a cabo uma investigação no terreno e exigem a responsabilização criminal das entidades estatais envolvidas no massacre de Cafunfo.
Joaquim Nafoia, relator do documento sobre o massacre no Cafunfo, refere que o número de mortos pode ainda subir, uma vez que parte das pessoas “gravemente” feridas acabaram por se refugiar nas matas, com medo de serem detidas ou mortas.
O extenso relatório apresentado à imprensa na manhã desta quarta-feira, 10 de fevereiro, refere igualmente, que parte dos cadáveres foram atirados ao rio Cuango, ravinas e locais inóspitos, por supostos efectivos da defesa e segurança.
“A delegação do grupo parlamentar da Unita constatou que as Forças de Defesa e Segurança massacraram mesmo, de forma bárbara, hedionda e fria, 28 cidadãos no dia 30 de Janeiro…a maioria dos cadáveres foi atirada ao rio Cuango, ravinas e outros enterrados em locais inóspitos”, afirmou Joaquim Nafoia.
O também deputado sublinha que a bancada parlamentar da Unita conseguiu apurar que as pessoas que tentaram aderir à manifestação de 30 de Janeiro, são na sua maioria antigos trabalhadores da Endiama, que se sentem injustiçados com fim do vínculo contratual com a empresa diamantífera pública.
O também secretário da bancada parlamentar da Unita revelou ainda, que o guia da manifestação que empunhava uma catana foi o primeiro a ser atingido com um tiro, num dos membros inferiores, logo na partida dos protestos.
A Unita diz ter apurado que o número de manifestantes foi apenas de 93 e não de 300 pessoas como afirmam as autoridades policiais.
Joaquim Nafoia desmente o envolvimento de cidadãos estrangeiros nos acontecimentos ocorridos na localidade de Cafunfo.
A delegação do grupo parlamentar da Unita apurou que os manifestantes não tinham a intenção de atacar a esquadra da polícia ou afrontar as autoridades.
Joaquim Nafoia confirmou que o que houve no Cafunfo foi um massacre perpetrado por alegadas forças de defesa e de segurança que continuaram a deter e a perseguir os activistas que se identificam como o Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe.
Nafoia informa que a sua bancada parlamentar quer responsabilização disciplinar e criminal de todas as entidades estatais envolvidas directamente no massacre de Cafunfo.
Por último, apela ao Presidente da República, João Lourenço, a não se deixar manipular, assim como o insta o Executivo, a mitigar a situação social e económica daquela região.
De salientar, por outro lado, que o MPLA, partido no poder, também já reagiu ao ocorrido no Cafunfo.
O Secretariado do Bureau político reunido nesta terça-feira, 9 de fevereiro, considerou “inaceitável” o que chamou de “incitamento à subversão da ordem constitucional, desobediência civil e à instabilidade político-militar” realçando o facto de “Angola ser indivisível, inviolável e inalienável”.