24 C
Loanda
Sábado, Novembro 23, 2024

Angola: Unita tem registo de 28 mortos no massacre de Cafunfo

PARTILHAR

28 pessoas foram massacradas e mortas a 30 de janeiro em Cafunfo pelas Forças de Defesa e Segurança, conclui o relatório apresentado ontem quarta-feira, 10 de fevereiro, em conferência de imprensa em Luanda pelos deputados da Unita, que se deslocaram à Lunda Norte, mas ficaram retidos a poucos quilómetros de Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda Norte.

Um relatório elaborado por um grupo de deputados da Unita apurou a morte de 28 pessoas e dezenas de feridos no Cafunfo, município do Cuango, na Lunda Norte.

Os parlamentares do maior partido da oposição, levaram a cabo uma investigação no terreno e exigem a responsabilização criminal das entidades estatais envolvidas no massacre de Cafunfo.

Joaquim Nafoia, relator do documento sobre o massacre no Cafunfo, refere que o número de mortos pode ainda subir, uma vez que parte das pessoas “gravemente” feridas acabaram por se refugiar nas matas, com medo de serem detidas ou mortas.

O extenso relatório apresentado à imprensa na manhã desta quarta-feira, 10 de fevereiro, refere igualmente, que parte dos cadáveres foram atirados ao rio Cuango, ravinas e locais inóspitos, por supostos efectivos da defesa e segurança.

A delegação do grupo parlamentar da Unita constatou que as Forças de Defesa e Segurança massacraram mesmo, de forma bárbara, hedionda e fria, 28 cidadãos no dia   30 de Janeiro…a maioria dos cadáveres foi atirada ao rio Cuango, ravinas e outros enterrados em locais inóspitos”, afirmou Joaquim Nafoia.

O também deputado sublinha que a bancada parlamentar da Unita conseguiu apurar que as pessoas que tentaram aderir à manifestação de 30 de Janeiro, são na sua maioria antigos trabalhadores da Endiama, que se sentem injustiçados com fim do vínculo contratual com a empresa diamantífera pública.

O também secretário da bancada parlamentar da Unita revelou ainda, que o guia da manifestação que empunhava uma catana foi o primeiro a ser atingido com um tironum dos membros inferiores, logo na partida dos protestos.

A Unita diz ter apurado que o número de manifestantes foi apenas de 93 e não de 300 pessoas como afirmam as autoridades policiais.

Joaquim Nafoia desmente o envolvimento de cidadãos estrangeiros nos acontecimentos ocorridos na localidade de Cafunfo.

A delegação do grupo parlamentar da Unita apurou que os manifestantes não tinham a intenção de atacar a esquadra da polícia ou afrontar as autoridades.

Joaquim Nafoia confirmou que o que houve no Cafunfo foi um massacre perpetrado por alegadas forças de defesa e de segurança que continuaram a deter e a perseguir os activistas que se identificam como o Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe.

Nafoia informa que a sua bancada parlamentar quer responsabilização disciplinar e criminal de todas as entidades estatais envolvidas directamente no massacre de Cafunfo.

Por último, apela ao Presidente da República, João Lourenço, a não se deixar manipular, assim como o insta o Executivo, a mitigar a situação social e económica daquela região.

De salientar, por outro lado, que o MPLA, partido no poder, também já reagiu ao ocorrido no Cafunfo.

O Secretariado do Bureau político reunido nesta terça-feira, 9 de fevereiro, considerou “inaceitável” o que chamou de “incitamento à subversão da ordem constitucional, desobediência civil e à instabilidade político-militar” realçando o facto de Angola ser indivisível, inviolável e inalienável”.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Investigação: Em que ponto está o caso de Cafunfo?

Dois anos depois dos acontecimentos na Lunda Norte, ainda não há responsabilização para os crimes cometidos em Angola. Inquérito...

Cafunfo: Ministério Público pede pena suspensa para arguidos

O Ministério Público pediu pena suspensa para os 25 membros do Protetorado da Lunda Tchokwe, acusados de rebelião armada...

Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe critica livro de Rafael Marques sobre Cafunfo

As alegações no julgamento do presidente do autodenominado Movimento Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, está suspenso à...

Endiama pretende criar 26 mil empregos até 2027

A Empresa Nacional de Diamantes (Endiama) prevê aumentar a sua força de trabalho ao longo dos próximos cinco anos...