«Recentemente, o director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana, John Nkengasong, revelou que uma terceira vaga avançava «agressivamente» em África, principalmente devido à proliferação da variante indiana, que ganha cada vez mais terreno no continente africano (e não só…).
Com cerca de 1.300 milhões de habitantes, África recebeu até ao momento 54,9 milhões de doses, das quais 35,9 milhões já foram administradas, revelou a entidade, que adiantou que apenas 0,6% da população africana tinha a vacinação completa. Em termos globais, África apresenta cerca de 4,9 milhões de casos (2,9% do total mundial) e mais de 133 mil mortes (3,7% do total mundial).
Entretanto, o G7 revelou posteriormente um plano cuja meta é dar aos países mais carenciados mais de mil milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 até o final de 2022 (das quais 500 milhões por parte dos Estados Unidos e 100 milhões do Reino Unido), um número que o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou de insuficiente, já que a humanidade, segundo o ex-primeiro ministro de Portugal, precisa de reconhecer que está em guerra com «um vírus» e, como tal, é necessária a implementação de uma verdadeira «economia de guerra».
Também Durão Barroso, presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), uma iniciativa da Fundação Bill e Melinda Gates, admitiu a complexidade da distribuição de vacinas em África e nos países mais pobres, mas também a escassez de doses no mercado devido ao acúmulo excessivo de vacinas por parte dos países mais ricos, algo que, felizmente, parece estar a mudar.
Deste modo, e ao contrário do que se pretendia, o objectivo inicial de assegurar 2 mil milhões de doses aos países em desenvolvimento até ao fim de 2021 foi adiado, em teoria para o primeiro trimestre de 2022, o que coloca em causa a imunidade mundial.
A verdade é que estas declarações e números demonstram que dificilmente África conseguirá alcançar a meta de vacinar 10% da sua população até Setembro, algo que só seria possível, e segundo cálculos da Organização Mundial da Saúde, se o continente recebesse 225 milhões de doses de uma assentada.