O Presidente da República, João Lourenço, declarou, segunda-feira, em Dakar, que Angola tem vindo a trabalhar “de forma árdua” para passar à região dos Grandes Lagos a sua experiência em resolução de conflitos e reconciliação.
João Lourenço intervinha no Painel de Alto Nível do oitavo Fórum Internacional de Dakar sobre Paz e Segurança em África, na sua qualidade de Presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
O Chefe de Estado respondia a questões colocadas sobre como resolver os conflitos e alcançar a estabilidade em África.
Recordou que Angola teve 27 anos consecutivos de conflito armado – o mais longo do mundo – envolvendo não apenas os angolanos entre si mas com intervenção de países vizinhos.
Apesar de tudo, disse, o país conseguiu finalmente ultrapassar “essa longa noite que só trouxe a desgraça e destruições”.
“Fizemos a paz com aqueles que estavam envolvidos neste mesmo conflito e hoje convivemos pacificamente com todos os irmãos angolanos que fazem a sua vida normal”, acrescentou.
Depois disso, prosseguiu, Angola vive, desde 2002 ou há precisamente 20 anos, uma situação de paz, estabilidade e reconciciliação entre irmãos outrora desavindos.
O chefe de Estado indicou que é com base nesta “história de sucesso” que o o país tem procurado ajudar “os nossos irmãos dos países vizinhos” das regiões dos Grandes Lagos, da CEEAC e da SADC que ainda estão com problemas de insegurança.
Sobre alguns dos países das duas regiões, disse tratar-se de insegurança não apenas por força do terrorismo mas também por disputa de riquezas naturais ou territórios que deviam ser respeitados.
Citou, igualmente, o engajamento de Angola no diferendo entre o Rwanda e o Uganda com a realização de várias cimeiras em Luanda, que, por seu turno, conduziram a uma outra “corajosamente realizada” na linha de fronteira entre os dois países.
Segundo ainda João Lourenço, tais esforços vieram culminar, mais tarde, no restabelecimento das relações entre os dois países.
Velhos diferendos na África Central
O Chefe de Estado lembrou, de igual modo, que Angola está a trabalhar no diferendo entre o Rwanda e a vizinha República Democrática do Congo (RDC), depois do ressurgimento do movimento rebelde M23, que se supunha estar desativado, há anos.
Foram realizadas as primeiras cimeiras sobre o assunto, em Luanda, conseguiu-se, com a mediação angolana, garantir a troca de prisioneiros dos dois lados, devolvidos aos seus respectivos países depois da sua retenção em Kigali e em Kinshasa.
Quanto à RCA, João Lourenço disse estar optimista quanto aos esforços em curso para se alcançar a paz porque, argumentou, a situação actual é muito diferente da prevalecente, há três ou quatro anos, quando forças rebeldes estavam à porta da capital.
Havia forças rebeldes que estavam à porta da capital, Bangui, a ameaçar o poder, situação que “ hoje não se verifica, esclareceu.
Precisou que um acordo assinado com os líderes rebeldes, sob os auspícios da CIRGL, e sucessivas cimeiras realizadas, em Luanda, levaram-nos aceitar a “depor as armas em definitivo”.