O Governo angolano assegurou na última terça-feira, em Dallas, Texas, 1.3 mil milhões de dólares para investimentos em diferentes infra-estruturas, no quadro dos acordos rubricados com instituições financeiras norte-americanas.
O facto foi anunciado pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, que considerou relevantes os avanços obtidos nesse segmento com as instituições financeiras, sobretudo o Banco de Exportações e Importações dos EUA (Eximbank).
De acordo com o governante, que falava à imprensa à margem da 16ª Cimeira Empresarial EUA-África, esses financiamentos vão ajudar “a fazer o caminho” de melhoria das infra-estruturas, promover o desenvolvimento económico e a integração social em Angola.
Angola e os Estados Unidos assinaram, terça-feira, os acordos finais para financiar três importantes projectos de infra-estrutura no Corredor do Lobito, bandeira da Parceria para Infra-estrutura Global e Investimento (PGI) dos EUA.
Estes acordos para projectos nas áreas de energia limpa, conectividade de rádio e infra-estrutura de transporte demonstram o compromisso contínuo do Governo dos EUA em apoiar e acelerar as prioridades de investimento económico de Angola.
Concedidos menos de um ano após o anúncio da iniciativa sobre Corredor do Lobito pelo Presidente Biden, estes projectos de infra-estrutura representam o maior pacote de financiamento da PGI apoiado pelos EUA a qualquer país desde o início da iniciativa e criarão empregos angolanos e americanos.
Em Outubro de 2023, os EUA assinaram um memorando com Angola, República Democrática do Congo, Zâmbia e Comissão Europeia, juntamente com o Banco Africano de Desenvolvimento e a Corporação Financeira Africana (AFC), para desenvolver o Corredor do Lobito, incluindo investimentos em infra-estrutura ferroviária chave, nos três países africanos.
O financiamento directo de 872 milhões de dólares do Eximbank – a maior transação de energia renovável na história desta instituição bancária – apoiará a construção de duas centrais de energia solar pela empresa norte-americana Sun Africa, gerando mais de 500 megawatts de energia renovável para a rede nacional de Angola.
É resultado de uma abordagem de todo o Governo dos EUA, incluindo assistência consultiva crucial em diferentes fases das iniciativas Power Africa e Prosper Africa, e apoio do Centro de Advocacia do Departamento de Comércio.
Ao reunir equipamentos produzidos pela UE, pela República da Coreia e pela Suécia com tecnologia americana e fornecedores de equipamentos americanos, e apoiado pela ING Capital LLC, as centrais solares melhorarão o acesso à eletricidade, à água limpa, aos sistemas de irrigação e a outros recursos de energia.
O projecto da Acrow Bridge, de 450 milhões de dólares, investindo em infra-estrutura de transporte moderna através da engenharia, aquisição e construção de 186 pontes em toda Angola, envolve financiamento e apoio do Eximbank, da Private Export Funding Corporation e do Standard Chartered Bank.
O empréstimo comercial da AFC para uma parte do projecto é um exemplo do consórcio do Corredor do Lobito que se associa além dos caminhos-de-ferro para apoiar a conectividade de transporte rural que servirá para ligar comunidades entre si e ao corredor regional maior.
O Projecto de Expansão do Sinal em FM da Rádio Nacional de Angola e a modernização de estúdios, apoiado pela tecnologia da GatesAir, baseada em Ohio, é um projecto de 40 milhões de dólares, para expandir a cobertura analógica de rádio FM para 95% da população angolana.
Este acordo chave fornecerá 168 transmissores Flexiva FM, instalação de antenas, torres, sistemas auxiliares de RF e actualizações de estúdios, em todo o país, numa colaboração bem-sucedida entre a GatesAir, o Deutsche Bank, com a garantia do Eximbank e do Estado angolano.
Próximos passos
De acordo com José de Lima Massano, a assinatura desses acordos representa a base para que outras operações com as mesmas características possam ocorrer.
Além da obtenção de financiamentos para infra-estruturas, Angola pretende ver mais empresas americanas a investir, directamente, na economia angolana, sublinhou.
O ministro de Estado disse que, em paralelo com esse interesse das instituições financeiras, há vontade das autoridades norte-americanas e de empresas sediadas nos EUA de aumentar os investimentos, em Angola, no âmbito da PGI.
Realçou o facto de as autoridades americanas identificarem Angola como um dos “projectos de bandeira”, via Corredor do Lobito, facto que tem atraído a atenção de muitas empresas.
Segundo o governante, os encontros mantidos no decurso da Cimeira Empresarial demonstram um pouco essa vontade, mas Angola precisa de continuar a trilhar o caminho das reformas, do diálogo, da abertura da economia e da melhoria do seu ambiente de negócios.
Só com essa estratégia, disse, o país será capaz de captar mais investimento directo. “Esse é o nosso exercício. Saímos daqui com referências muito positivas, há empresas que conheciam pouco de Angola mas estavam muito curiosas. Vamos ver se essa curiosidade resulta em investimento real”, expressou o ministro.
Disse que a delegação angolana aproveitou a cimeira para partilhar aquilo que o país neste momento está a fazer, em termos de potencialidades e oportunidades, a fim de conseguir, com este exercício, atrair mais investimento directo para a economia.
José de Lima Massano explicou que as autoridades angolanas têm abordado investidores de várias geografias, para assegurar parceiros credíveis que ajudem a criar uma economia resiliente e sustentável.
Da abordagem com os vários potenciais investidores, disse, continua a existir uma grande vontade de fazer realizações com Angola, sublinhando que já há testemunhos positivos de empresas instaladas, no país, em relação a viabilidade do mercado nacional.
“Temos tido resultados interessentes”, rematou o ministro.
A Cimeira Empresarial EUA-África decorre na cidade de Dallas até quinta-feira, com a participação de mais de mil e 500 convidados, entre chefes de Estado e de Governo e homens de negócios de várias paragens do continente africano e dos Estados Unidos.
Na terça-feira, além da participação na cerimónia de abertura e nos Diálogos de Alto Nível em que interveio o Presidente João Lourenço, a delegação angolana esteve envolvida num painel sobre investimentos em Angola, onde falou sobre as oportunidades de negócio.
Angola foi representada nesse encontro pelo ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, que falou sobre os investimentos em curso no sector, sobretudo no Corredor do Lobito, e pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges. ELJ/ART