Entrou em vigor esta quarta-feira a suspensão decidida pelas autoridades angolanas dos canais de televisão Record África, Vida TV e Zap Viva. Surpreendidas com a decisão do Executivo do Presidente João Lourenço, as três empresas deram conta da sua incompreensão.
Em comunicado, a Record África indicou ontem ter apresentado um recurso contra a decisão das autoridades de Luanda. Entidade detida pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), igreja cuja liderança em Angola tem sido alvo de contencioso, a Record África tem transmitido várias reportagens criticando o governo angolano.
Também descontente, a empresária Welwitschia “Tchizé” dos Santos, filha do antigo Presidente angolano e proprietária do canal de televisão VidaTV, denunciou esta medida que, no seu ponto de vista, põe em causa a liberdade de Informação em Angola e mina a imagem do país.
Por seu lado, a Zap Viva, controlada por outra filha do antigo Presidente angolano, Isabel dos Santos, referiu estar a envidar esforços junto das autoridades competentes para esclarecer os factos que levaram à suspensão do canal. Ao qualificar esta decisão de “erro injusto e injustificável”, o canal televisivo disse esperar voltar à normalidade “nas próximas horas”.
Ao expressar igualmente as suas reservas, o Sindicato dos Jornalistas Angolanos questionou, quanto a si, a implementação desta medida precisamente agora, tendo em conta que os referidos canais funcionam há bastante tempo. De acordo com o secretário-geral do sindicato, Teixeira Cândido, a medida visa silenciar estes canais televisivos no momento em que o Estado já tem o monopólio televisivo em Angola.
De acordo com o executivo angolano, apesar de estarem devidamente legalizadas, as empresas provedoras de televisão por assinatura, TV Cabo, DSTV Angola e Finstar (detentora da Zap TV) estão a distribuir os canais Zap Viva, Vida TV e Record África “sem o registo para o exercício da actividade de televisão em Angola”.
Refira-se que em paralelo com a suspensão dos referidos canais televisivos, as autoridades angolanas também decidiram suspender os registos provisórios de jornais, revistas, sites e rádios em que constataram “inconformidades legais”.