A Igreja Católica angolana tem vindo a assumir posições cada vez mais críticas em relação ao Governo e às suas políticas, o que traduz uma mudança na conduta, que sempre foi a sua, de relativa “contemporização” com o regime.
As autoridades encaram com particular apreensão o facto de a Igreja estar agora a ser vista na sociedade como uma das “vozes críticas” da actual situação no país, nomeadamente no que toca aos efeitos sociais da crise económica e aos direitos humanos. A capacidade mobilizadora que lhe é reconhecida tende a servir de conforto aos descontentes.
A dureza considerada “extrema” das reacções policiais/securitárias do Governo às manifestações de descontentamento popular, Luanda em particular, estão a minar ainda mais a reputação externa de JOÃO LOURENÇO (JL) – do antecedente já prejudicadas por avaliações negativas em relação ao resultado das suas políticas reformistas e de combate à corrupção.
JL está aplicado em reforçar o seu poder e influências no aparelho do MPLA, mas não tem vindo a ser bem sucedido. O “ponto fraco” que o MPLA de facto representa para JL é também visto como “um resquício” do modelo do poder bicéfalo que o seu antecessor, JOSÉ EDUARDO dos SANTOS, tentou implantar após a sua retirada. Os quadros da sua estrita confiança com que JES preencheu os órgãos de direcção do partido, em geral ainda se mantêm.
O aparato e o modus operandi dos dispositivos policiais e de segurança (também militares, este mais discreto), montados com o objectivo de desmobilizar ou conter manifestações de protesto, em geral oriundas dos bairros da periferia e movimentando especialmente jovens, são descritos como “muito superiores” ao que se verificava no período do anterior PR.