Angola deveria deixar a sua moeda flutuar, disseram responsáveis do Fundo Monetário Internacional nesta terça-feira, durante uma visita ao país, onde as autoridades mantiveram o kwanza numa faixa apertada durante meses.
O governo deixou o kwanza cair mais de um terço em Maio e Junho, com os analistas a associarem a mudança à redução das receitas petrolíferas e a uma retoma nos pagamentos da dívida externa, tornando mais difícil para o país sustentar a moeda.
Mas desde o início de Julho, o kwanza tem sido negociado num intervalo estreito em torno de 830 face ao dólar americano. A Bloomberg News informou na semana passada que o banco central intensificou as restrições à negociação de moeda estrangeira para impedir o enfraquecimento ainda maior do kwanza.
“A nossa recomendação é que o país acompanhe a taxa de câmbio flutuante. Isto é extremamente importante para Angola, uma vez que a taxa flutuante funciona como um amortecedor para eventos externos relevantes”, disse o representante residente do FMI em Angola, Victor Lledo, numa conferência de imprensa na capital Luanda.
“Existem pressões cambiais persistentes, que estão relacionadas com os fundamentos. … Os países deveriam permitir que a taxa de câmbio se ajustasse e se depreciasse”, disse Catherine Pattillo, vice-diretora do departamento de África do FMI.
A inflação de Angola abrandou acentuadamente em 2022 e ao longo do primeiro semestre do ano, mas na sequência da depreciação do kwanza entre Maio e Junho, voltou a aumentar.
O Banco de Angola baixou a sua principal taxa de juro em Março, mas manteve-a inalterada nas três reuniões desde então. A próxima revisão da sua política monetária está programada para o próximo mês.