A Rede Angolana das Organizações de Serviços de SIDA, Tuberculose e Malária (ANASO), realizou nesta quarta-feira, dia 07 de Setembro de 2022, na União dos Escritores Angolanos, em Luanda, um encontro de reflexão entre representantes de várias configurações religiosas e a comunidade LGBT representadas por várias associações e movimentos, bem como activistas independentes, denominada “Roda de Diálogo”.
O Encontro teve como objectivo, contribuir para o fortalecimento da relação entre a Comunidade LGBT e as Igrejas, através do diálogo, dando resposta a uma recomendação saída do último Fórum Nacional das Organizações da Sociedade Civil sobre SIDA, Tuberculose e Malária.
Para além dos representantes das diferentes confissões religiosas e representantes da Comunidade LGBT, o encontro contou ainda com a participação de representantes de Instituições Públicas, Sistema das Nações Unidas e Parceiros de Desenvolvimento da ANASO ligados a Saúde, Educação, Direitos Humanos e Gênero.
Durante cerca de 3 horas, os participantes analisaram e discutiram num ambiente de diálogo aberto, as questões chaves que estão a criar dificuldades na relação entre as Igrejas e a Comunidade LGBT.
Foi feita uma abordagem sobre como se sentem as pessoas da Comunidade LGBT em relação a aquilo que são os posicionamentos das famílias e religião sobre a homossexualidade. Fez se o cruzamento comparado entre o Direito e a Igreja no contexto e a luz da nossa constituição. Falou se da inclusão das pessoas da Comunidade LGBT dentro do conceito religioso e da necessidade de respeito e inclusão de toda pessoa humana acima de qualquer coisa realçando se a necessidade do amor ao próximo.
Os participantes a Roda de Dialogo abordaram a questão da Comunidade LGBT não ser considerada como um problema de convivência entre a as pessoas segundo as escrituras e como a compreensão da doutrina pode ajudar ou prejudicar um indivíduo em função de como for passada a mensagem. Enfatizaram que “Deus é amor acima de qualquer coisa e qualquer pessoa”, que o reino dos céus é para toda pessoa que quer e tenha em seu coração e sua vida a fé em um ser superior.
Houve testemunhos sobre casos de violação dos direitos a saúde, proteção social, convivência familiar, assistência alimentar, dentre outros.
O debate e as várias contribuições levaram os participantes a perceber que a Igreja não é preconceituosa. A Igreja é o firmamento da verdade, vive na base de conceitos e baseia se nas estruturas sagradas. Que o ponto central de tudo é o “Amor”, amor a Deus, amor ao próximo, a necessidade de mais empatia e sentido de olhar o outro como a nós mesmos e respeito pela diferenças.
Os presentes concluíram que “Deus fez-nos a todos diferentes uns dos outros, porém para Deus somos todos iguais, somos todos seus filhos e entenderam importante a realização regular desses espaços de diálogo para melhorar a aproximação entre a Comunidade LGBT e as Igrejas.
No final os participantes a Roda de Diálogo decidiram recomendar que haja mais humanização na relação entre as partes, para desconstruir os tabus e preconceitos ainda existentes..