Moçambique e Portugal assinam acordo na segunda-feira
Analistas moçambicanas classificam de importância estratégica o Programa-Quadro de Cooperação no domínio da defesa a ser assinado na segunda-feira, 10, em Lisboa, pelos ministros de Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho, e de Moçambique, Jaime Neto.
O programa prevê a formação das forças especiais moçambicanas por militares portugueses e defende uma resposta multifacetada à situação em Moçambique, e além de treino tropas especiais, fuzileiros e comandos, inclui também outras linhas de cooperação militar nomeadamente as componentes terra-ar e informações.
Para o analista Raúl Domingos, o acordo que cobre o período 2021-2026 é de extrema importância porque Portugal conhece bem o território moçambicano, onde combateu a Frelimo durante a luta pela independência deste país africano.
“Para além disso”, realça o ex-número dois da Renamo, “os mapas que nós usamos durante a guerra dos 16 anos, obtivemo-los a partir da Força Aérea Portuguesa, isto para realçar o conhecimento que Portugal tem sobre o território moçambicano”.
Por seu turno, o analista Fernando Cardoso diz que este tipo de acordos é a melhor forma de resolver o conflito em Cabo Delgado ” porque esta guerra combate-se com unidades especiais e com forças de países estrangeiros, incluindo Portugal, que não pode ter tropas no terreno, mas pode ajudar, e está há bastante tempo a ajudar a formação da polícia e do exército moçambicano”.
Raúl Domingos considera que este é um aspecto muito importante, porque até aqui, os insurgentes têm demonstrado possuírem mais meios do que as forças moçambicanas.
Aquele especialista referiu o facto de o acordo com Portugal ser anunciado poucos dias depois de ter terminado a formação de fuzileiros navais moçambicanos por instrutores norte-americanos, sublinhando que “todos estes passos deveriam ter sido dados há bastante tempo, levando a sério aquilo que era a situação no terreno, em Cabo Delgado”.
A contribuição de Portugal para a formação e capacitação das forças moçambicanas prevê o treino de “sucessivas companhias” das forças armadas, em três a quatro meses, durante três anos, o que representa um “triplicar” do investimento português em projetos de cooperação com aquele país, que existe desde 1988.