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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Analistas angolanos fazem balanço do sector da cultura e apelam à sua despartidarização

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A presença da pandemia Covid-19 em Angola agravou a pobreza da classe artística angolana, para além de dizimar milhares de cidadãos impediu a prosperidade financeira dos fazedores de arte. Momentos trágicos foram vividos com a morte de vozes sonantes da música nacional, com destaque para Jacinto Tchipa, Givago, Zé Viola “Inó Gonçalves” e o guitarrista Eugénio Bikindo “Timex”.

Fernando Guelengue, Jornalista e CEO do Portal Marimba, especializado em notícias culturais, refere que outro impacto da pandemia no sector cultural foi o agravamento da pobreza financeira dos artistas devido as limitações impostas em consequência do SARS-.COV-2: a não realização de actividades culturais.

“O volume de restrições aos eventos culturais de todo mundo causou um aumento significativo de artistas que passaram a padecer de fome e a pobreza financeira dos artistas aumentou”, disse.

“Grande parte de artistas decidiram emigrar para Europa e para as Américas e com isto posso dizer que a cultura angolana está numa fase muito precária”, disse Fernando Guelengue, para quem o estado precário do sector é resultante da incapacidade do Governo liderado por João Lourenço de dar respostas adequadas às demandas.

A cultura é um cartão postal de qualquer país organizado.

“O governo devia prestar mais atenção nas questões culturais, porque a cultura é uma importante ferramenta para observação da dimensão do país. Avalia-se também um país por aquilo que ele produz do ponto de vista cultural, estamos a dizer: o tipo de livro, a qualidade do livro, a qualidade da escrita, a qualidade da arte, a qualidade de uma peça teatral, a qualidade de uma música grava da em estúdio local. A indústria cultural no geral determinada qualidade de um país”.

Angola tem falhado também no que respeita a promoção das acções culturais na imprensa, diz Guelengue que defende um maior engajamento da comunicação social da promoção da cultura.

A valorização das artes em Angola deve começar pela definição de políticas culturais claras e exequíveis, deixando de parte a burocracia, diz Solanje Feijó que cita os casos da criação do CEART – Complexo Escolar das Artes – Escola do segundo ciclo do Ensino secundário – e do Instituto Superior de Artes.

“Primeiro deviam traçar-se boas políticas e a titulo de exemplo aponto o ISART e o CEART que depois da formação os alunos não têm rumo. Muitos se inscrevem só para ter formação, ensino superior feito, devido aos preços. E depois, a sequência?”, questiona.

Para 2022, Solanje Feijó almeja que se pense na institucionalização do ensino das artes desde tenra idade, sobretudo nas escolas do ensino primário.

“As escolas podem ser um viveiro para despertar os interesses das artes nas crianças para diversas disciplinas. Nas escolas primárias e secundárias as crianças já deviam começar a despontar”, referiu a também actriz que aproveitou a oportunidade para criticar a actual composição do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente. “Não é a simbiose mais perfeita”, desabafou.

É preciso despartidarizar a cultura

Com a realização das eleições gerais em 2022, Fernando Gulengue antevê um aproveitamento político da classe artística, sobretudo os músicos, para captação de votos, mas, chama atenção para que se evite colocar os artistas nas querelas políticas entre os partidos e, do mesmo modo a promover a intolerância.

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