África poderá necessitar de um aumento de quase dez vezes no financiamento da adaptação climática, para 100 mil milhões de dólares por ano, se quiser reforçar as suas infra-estruturas, melhorar os sistemas de alerta meteorológico precoce e proteger a sua agricultura das alterações climáticas, afirmou o Centro Global de Adaptação.
Os actuais fluxos de financiamento da adaptação, de cerca de 11 mil milhões de dólares por ano em 2020, estão bem abaixo dos 52,7 mil milhões de dólares que as nações do continente disseram precisar e essa estimativa pode ser apenas metade do montante real necessário, afirmou a organização com sede em Haia num relatório divulgado na terça-feira na primeira Cimeira do Clima em África, em Nairobi.
O estudo da GCA avaliou as contribuições determinadas a nível nacional submetidas pelos países africanos às Nações Unidas , com apenas 28 dos 54 países do continente a incluírem estimativas de custos para adaptação nas suas submissões. Isso levou a GCA a estimar que a quantidade que as nações afirmam necessitar é cerca de 50% do que realmente necessitarão.
Os actuais fluxos de adaptação para o continente também estão concentrados, com 10 países a receberem mais de metade dos fundos e os 10 últimos países a receberem menos de 1%, afirmou a GCA. Desse financiamento, 54% assume a forma de empréstimos, agravando o peso da dívida dos países. As instituições financeiras de desenvolvimento e os governos contribuem com 95% do financiamento e apenas 0,3% do sector privado. O resto provém de fundos climáticos multilaterais e de filantropias.
“O sector privado tem o maior potencial para aumentar o financiamento para a adaptação”, afirmou a GCA. “No Sul e no Leste Asiático, o sector privado investe quase 40% do total dos fluxos de financiamento climático”, o que inclui financiamento para adaptação e mitigação, como a construção de centrais de energia renovável, afirmou.
Ainda assim, 39% dos fluxos de financiamento climático para África destinam-se à adaptação, significativamente acima do valor global de 7% dos 653 mil milhões de dólares em investimentos climáticos em 2019-20.
“A África Subsaariana é o maior beneficiário de financiamento internacional para adaptação, recebendo cerca de 25% dos fluxos internacionais de adaptação em 2019-2020”, afirmou a GCA. “No entanto, os fluxos de financiamento da adaptação não chegam nem perto das necessidades da região em termos absolutos.”