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    ‘Abraço de anaconda’ dos EUA: analistas avaliam o que está por trás da crise na Venezuela

    A Venezuela vive uma verdadeira crise política. Analistas avaliam o papel dos EUA nessa crise, bem como as possíveis consequências dessa situação para a Venezuela.

    Enquanto o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, auto-proclamou-se presidente encarregado da Venezuela, vários países, incluindo os EUA e Brasil manifestaram o seu apoio a Guaidó e à oposição venezuelana desconsiderando Nicolás Maduro. A Sputnik falou com vários analistas que deram a sua opinião em relação à situação venezuelana.

    “Maduro não conseguiu repetir os sucessos de Chávez [ex-presidente venezuelano Hugo Chávez]. Há uma grande quantidade de pessoas que vive abaixo do limiar da pobreza e realmente está nas ruas. Por isso é possível deter os líderes da revolução parlamentaria, mas isso poderia provocar uma guerra civil, essa é a questão principal”, disse o cientista político Vladimir Kireev ao serviço russo da Rádio Sputnik.

    Comentando o reconhecimento norte-americano do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente do país, desconsiderando Maduro, o analista declarou que “os EUA usam o mecanismo das ‘revoluções coloridas’ para derrubar governos, sejam legais ou ilegais, mas para realizar os seus interesses geopolíticos e defender os seus interesses económicos, eles derrubam governos a torto e a direito”.

    “Todas as justificações – direitos humanos ou nível de vida – são apenas uma questão formal. Sabemos que os EUA, Washington, apoiam sistemas políticos que não têm nada a ver com a democracia e sistemas políticos com nível de vida muito baixo, sistemas que estão nas mãos de grupos criminosos e mafiosos – isso não os embaraça [aos EUA]”, sublinhou o analista.

    Segundo Kireev, “os americanos através da sua diplomacia e inteligência […] controlam a América Latina, enquanto a Venezuela é um ponto crítico, uma dor de cabeça [para os EUA], porque é um grande país com posição antiamericana”.

    O especialista considera que a situação atual é muito arriscada porque Maduro e seus aliados não têm tido sucessos na política económica como teve o governo de Chávez.

    “Embora seja possível dizer que a lei e alguma justiça estejam do lado de Maduro, não estou certo que ele vá perder o poder, mas acredito que existe esse risco”, revelou.

    Quanto à proposta da UE de realizar novas eleições justas na Venezuela, segundo Kireev, Maduro teria chances de ganhar novas eleições porque a sociedade está dividida em duas partes, porque Maduro ainda tem um grande apoio na sociedade.

    “Ele poderia ganhar [as novas eleições], mas a outra parte da sociedade que está irritada não desaparecerá. Se Maduro vencer, essa parte irá desestabilizar a situação”, explicou.

    Entretanto, Kireev sublinhou que a transformação do país em mais uma colónia dos EUA não é do interesse da Venezuela, porque a América do Norte “se comporta de forma bruta na América Latina, defende ali os seus interesses, apoia grupos criminosos e [as ações da América do Norte] nunca levam ao aumento da qualidade de vida das pessoas”.

    “Os latino-americanos compreendem de forma consistente que é melhor viver sem os EUA. Mas é muito difícil para mim dizer se desta vez a sociedade venezuelana conseguirá evitar esse, digamos, abraço de anaconda norte-americana”, disse o analista.

    O cientista político Ildus Yarulin, em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, declarou que os norte-americanos estão a tentar retirar a Venezuela do controlo da Rússia e da China e submetê-la totalmente.

    “Acredito que será realizado um trabalho sistemático para destruir as relações entre a Venezuela e seus aliados, um apoio ao golpe. Também é um bom pretexto para [o presidente dos EUA Donald] Trump lidar com os problemas internos. Além disso, a situação na Venezuela poderia levar a um brusco aumento dos preços do petróleo”, considerou ele, sublinhando que o aumento dos preços do petróleo tornará a produção de petróleo de xisto nos EUA mais rentável.

    Na quarta-feira (23), Guaidó proclamou-se “presidente encarregado” da Venezuela. Os EUA, a União Europeia e uma série de países da América Latina, inclusive o Brasil, manifestaram apoio a Guaidó e à oposição venezuelana. Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua, Turquia e o Irão apoiam a permanência de Maduro.

    Moscovo declarou que o seu posicionamento sobre o reconhecimento de Nicolás Maduro como presidente legítimo da Venezuela não mudaria, assinalando que a postura dos países ocidentais mostra a forma como eles encaram o direito internacional, a soberania e a não interferência nos assuntos internos dos outros países.

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