A Rainha Amina de Zazzau deu nas vistas provando que “uma mulher é tão capaz como um homem”. Para além de ter assumido o controlo do seu reino, Amina comandou o exército de Zazzau, conquistando vários territórios.
Nascimento: Acredita-se que Amina nasceu no século XVI, mas os investigadores diferem na data exata do seu nascimento. Amina nasceu e viveu em Zazzau, que é hoje a cidade de Zaria, no estado de Kaduna, na Nigéria.
Reconhecida por: ter sido uma rainha guerreira. Amina governou o reino de Zazzau durante 34 anos, tendo nesse tempo expandido o territórios do seu reino através da conquista de várias cidades. A rainha abriu rotas comerciais e acredita-se também que foi ela que iniciou o cultivo de nozes de cola nos seus territórios.
O segundo sultão de Sokoto, Mohammed Bello, que era também filho de Usman dan Fodio, escreveu sobre a Rainha Amina no seu livro “Infaku’l Maisuri” (“Os Salários dos Afortunados”). Segundo Mohammed Bello, Amina tinha um dom único para a liderança e terá sido a primeira a introduzir nas sociedades hauçá a administração que hoje conhecemos.
Controvérsia: Há historiadores que afirmam que a história de Amina é um mito e que ela nunca existiu. No entanto, há elementos que apontam para a sua existência, nomeadamente os muros que mandou construir à volta das grandes cidades que conquistou. Além disso, existem ainda hoje, em Zaria, as estruturas e ruínas do seu palácio e dos campos de treino militar.
Embora não tenha tido filhos, há quem diga que Amina tem descendentes diretos dos seus irmãos ainda vivos e que estão entre as elites governantes do emirado.
A causa e local da morte da rainha guerreira continuam a ser motivo de controvérsia, mas é amplamente aceite que ela morreu numa batalha em Atagara, onde é hoje o Estado de Kogi, na região central da Nigéria.
A reter: “Amina, uma mulher como um homem!” – é assim que Amina é descrita. Tudo o que fez como rainha excedeu o que os reis que a antecederam haviam feito. Hoje, ela simboliza o espírito e a força das mulheres.
Homenagem: São vários os locais e instituições no norte da Nigéria que têm o nome de Amina. São exemplos a escola secundária governamental no estado de Kaduna, que se chama Colégio Rainha Amina. Também as residências femininas da Universidade Ahmadu Bello, em Zaria, e da Universidade de Lagos têm o nome da rainha. A personagem da série de televisão norte-americana “Xena: Princesa Guerreira” terá sido inspirada em Amina.
Amina tornou-se princesa e herdeira do trono de Zazzau em 1536, quando o seu pai Bakwo Turunku foi declarado rei. Foi criada essencialmente pela sua avó Marka que, como nobre, a instruiu sobre questões políticas e assuntos do Estado. Marka foi também a primeira a notar o grande interesse de Amina pela guerra, desde logo, conta a história, pela forma como a sua neta segurava um punhal – exatamente como um verdadeiro guerreiro.
Ishaq Galadima Abdulkarim Tukur-Tukur, um dos assessores de imprensa que trabalha atualmente no palácio do Emir de Zazzau, explica que foram qualidades como esta que levaram o seu pai, o rei, a fazer de Amina princesa, e que tornaram, mais tarde, Zazzau num Estado forte. “Amina era a filha mais velha e, segundo a tradição, seria o filho homem mais velho que deveria ser coroado Madaki de Zazzau. No entanto, [o rei] tinha apenas duas filhas, Amina e a sua irmã mais nova, Zaria. Só depois de alguns anos é que Karama deu à luz o terceiro filho do rei Bakwo Turunku. Em Zazzau, “Madaki” era o chefe que comandava todas as forças armadas. Amina juntou as duas coisas. Era princesa e ao mesmo tempo assumiu a posição de Madaki, o que lhe deu a coragem de levar a cabo ataques e investidas em todos os estados do norte”, conta.
Falar de Amina hoje em dia é muitas vezes falar de crueldade. Diz-se que, em cada cidade que conquistava, a rainha passava a noite com um homem diferente, que era decapitado na manhã seguinte. Mas há poucas provas disso.
Os historiadores preferem descrever a relação entre Amina e os seus súbditos como uma relação de benefícios mútuos. Ou seja, Amina conquistava as cidades e em troca da lealdade das pessoas que lá viviam oferecia-lhes proteção, através da construção de muros – o que lhes dava a possibilidade de negociar uns com os outros.
Mas não se ficava por aqui. Segundo Ishaq Galadima, na maioria dos sítios que conquistava, para além de mandar construir os muros, Amina também construía poços, “de modo a que as populações conseguissem ter acesso a água, o que acaba por ser visto como outra forma de ajuda humanitária.”
Aos olhos do assessor de imprensa do palácio do Emir de Zazzau, a rainha Amina “não estava lá só para a guerra. Estava lá para acrescentar valor à vida das pessoas que viviam nas zonas remotas – em aldeias, florestas e vilarejos, longe das cidades e da civilização.”
No entanto, são recorrentes os debates acerca da existência ou não da Rainha Amina. Há quem diga que ela é apenas um mito, como explica Shuaibu Shehu Aliyu, investigador sénior na Arewa House, o centro de pesquisa histórica e documentação da Universidade Ahmadu Bello.
“Apesar de ela ser mais conhecida por causa do seu contributo para a expansão do então reino de Zazzau, ela também esteve envolvida na construção de muros em Katsina, Kebbi e muitos outros sítios. É neste tipo de elementos que alguns historiadores se apoiam para afirmar que a história da rainha Amina não é um mit, mas sim realidade. Há também historiadores que entendem que os feitos de Amina foram exagerados pela classe dominante do emirado”, afirma.
Amina morreu numa das suas muitas batalhas. Os relatos de como e onde diferem, mas a versão mais aceitável é que a rainha terá morrido em Atagara, onde é hoje o Estado de Kogi, na região central da Nigéria.
O parecer científico sobre este artigo foi dado pelo historiadores Lily Mafela, Ph.D., professor Doulaye Konaté e professor Christopher Ogbogbo. O projeto “Raízes Africanas” é financiado pela Fundação Gerda Henkel.