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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

A exportação de produtos para os EUA abre portas para nova Angola

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FONTE:ANGOP

O debate sobre a influência das exportações de produtos “Made in Angola” para os Estados Unidos da América (EUA) não só acende uma luz sobre as potencialidades da economia angolana, mas também traça um panorama em que cultura e negócios se abraçam numa “dança” sinérgica e promissora.

E é neste cenário que emerge a reflexão sobre a necessidade e a urgência de se fortalecerem as indústrias locais, não apenas como fonte de recursos, mas como emblemas da identidade e autonomia de uma nação.

Exportar vai além do simples acto de enviar produtos para terras distantes; é também uma oportunidade de partilhar a essência e a riqueza cultural de um país. Angola, no contexto desenhado, não é apenas um exportador de “commodities” e artesanato, mas também um emissor de mensagens e narrativas, contadas através dos seus produtos únicos e autênticos.

Os produtos “Made in Angola” têm a capacidade de contar histórias, de descrever tradições e de partilhar a mestria e arte de um povo. E, neste sentido, é fundamental considerar que cada item exportado se torna um embaixador cultural, um agente que ultrapassa barreiras, constrói pontes e estreita relações. Aqui está o potencial impacto das exportações de produtos feitos em Angola para os EUA.

O estímulo ao crescimento e à internacionalização da produção local traz, implicitamente, um reforço da economia. Porém, a valorização da produção nacional não deve ser observada apenas sob o prisma financeiro e económico, mas também como um robustecimento da autoestima e da valorização do saber-fazer angolano.

A estratégia de diversificação económica de Angola, que busca reduzir a dependência das receitas petrolíferas, é louvável e fundamental. Ao apostar em sectores diversos e explorar novos mercados, o país não só fortalece a sua resiliência económica, mas também potencializa uma imagem polivalente e robusta no cenário internacional.

É fundamental, todavia, que os esforços para impulsionar as exportações estejam intrinsecamente ligados ao desenvolvimento sustentável. A produção deve estar alinhada com práticas ambientais responsáveis e socialmente justas, garantindo que o crescimento económico não comprometa os recursos naturais nem marginalize as comunidades locais.

Portanto, ao visualizarmos as exportações angolanas para os Estados Unidos, estamos, de facto, a testemunhar uma troca multifacetada, em que o comércio é também diálogo, aprendizagem e intercâmbio cultural. Angola oferece ao mundo os seus sabores, cores, arte e identidade, e recebe, em troca, a oportunidade de construir uma economia mais sólida, diversificada e capaz de sustentar um futuro próspero e inclusivo.

Em última análise, os passos de Angola rumo à expansão da sua presença nos mercados internacionais devem ser celebrados e apoiados, com políticas que fomentem a produção nacional e a internacionalização de suas empresas.

Não se trata apenas de se encontrarem novos mercados, mas de posicionar Angola como uma nação vibrante, capaz e próspera, que se destaca não só pelos seus produtos, mas também pela riqueza e diversidade da sua cultura e povo.

O caminho parece promissor e a sua travessia, ainda que recheada de desafios, é um vector de possibilidades e de afirmação de Angola no palco global, mostrando que o país não é apenas um participante no comércio internacional, mas um actor com voz, identidade e substância próprias.

Outrossim, esta assertiva presença no comércio internacional não deve ser desprovida de reflexão e cautela. À medida em que Angola avança, torna-se imperativo que a sustentabilidade esteja na linha da frente de todas as acções económicas, garantindo que a projeção internacional não comprometa os ecossistemas locais nem perpetue desigualdades sociais.

Angola, com suas vastas paisagens, recursos e, sobretudo, o seu povo resiliente e criativo, tem uma oportunidade única de se firmar como uma nação que se desenvolve, respeitando os princípios do desenvolvimento sustentável e da equidade.

As práticas agrícolas e a produção artesanal, por exemplo, devem ser amparadas por políticas que assegurem um comércio justo, incentivem práticas ambientalmente responsáveis e valorizem o trabalho de homens e mulheres que estão na base desta produção.

O diálogo entre Angola e os Estados Unidos, sob a óptica comercial e cultural, é uma janela que se abre, não somente para a exportação de bens, mas também para a exportação de princípios, valores e formas de ver o mundo. Uma vez que o país abordará, igualmente, as questões relativas ao meio ambiente, aos direitos humanos e à justiça social, o passo dado e a dar também será uma “exportação” simbólica que influenciará a percepção e as relações internacionais.

Na “dança” das exportações, cada movimento, cada negociação e cada produto partilhado deve ser um reflexo das aspirações e valores de Angola enquanto nação. Uma estratégia bem-sucedida será aquela que, simultaneamente, enriquece a economia, preserva a identidade cultural, e assegura a integridade dos recursos naturais e do bem-estar das comunidades locais.

A sinergia entre crescimento económico e respeito pelos princípios sociais e ambientais pode fazer de Angola um referencial de desenvolvimento em África e no mundo.

Trata-se de um percurso que não apenas solidifica a sua posição no mapa global de comércio, mas também tece uma história de sucesso, na qual o progresso económico anda de mãos dadas, com a preservação e a valorização das suas riquezas mais preciosas: o seu povo, a sua cultura e o seu ambiente.

Os passos futuros nesta trajectória necessitarão de uma visão clara, uma governança forte e uma população engajada, cujo envolvimento é crucial para assegurar que os benefícios do comércio internacional sejam amplamente compartilhados e sustentáveis.

A “marca” Angola pode e deve ser sinónimo de qualidade, sustentabilidade e equidade, mostrando ao mundo que é possível crescer, desenvolver-se e, ao mesmo tempo, proteger e valorizar a diversidade e a riqueza que nos fazem únicos.

Neste sentido, a exportação de produtos “Made in Angola” tem o potencial de ser mais do que um mero rótulo geográfico; pode ser uma autêntica assinatura de qualidade, responsabilidade e carácter, posicionando Angola não só como um competente jogador no campo do comércio global, mas também como um líder inspirador na promoção de um desenvolvimento que é, verdadeiramente, inclusivo e sustentável.

À medida em que a estrada da exportação se desenha no horizonte angolano, é vital que as estratégias económicas e comerciais se convertam em ferramentas holísticas, que compreendem o entrelaçamento entre economia, sociedade e ambiente. A riqueza dos recursos e produtos angolanos encontra-se intrinsecamente ligada à riqueza da sua biodiversidade, às tradições das suas comunidades e à vitalidade dos seus ecossistemas.

A promissora narrativa das exportações “Made in Angola” não deve ser apenas uma história de crescimento económico e reconhecimento internacional, mas também uma história de desenvolvimento consciente e proteção do património natural e cultural.

Esta é uma oportunidade para Angola fortalecer e proteger as suas comunidades locais, dando-lhes voz e assegurando que os frutos do comércio internacional sejam equitativamente distribuídos.

Não podemos esquecer que cada produto que leva consigo o rótulo “Made in Angola” é uma peça de uma teia complexa que une pessoas, tradições, terras e ecossistemas.

Este é um momento propício para que se pense sobre como esses produtos são feitos, que histórias eles contam ao mundo e, mais crucialmente, como eles contribuem para um futuro sustentável e inclusivo.

A integração de práticas sustentáveis na produção e exportação não é apenas uma responsabilidade ética, mas também uma estratégia astuta de negócios. À medida em que o mundo se torna cada vez mais consciente das questões ambientais e sociais, os consumidores procuram, com crescente fervor, produtos que não apenas atendam às suas necessidades, mas que também estejam alinhados com os seus valores.

Assim, a presença de produtos angolanos em mercados estrangeiros deve ser vista não só como uma vitória económica, mas também como uma plataforma para promover a sustentabilidade, a ética e o respeito pela diversidade cultural.

O diálogo entre economia e sustentabilidade será fundamental para assegurar que a trajectória de crescimento de Angola seja robusta, resiliente e reflita os valores e aspirações do seu povo.

Nesta perspectiva, a expansão das exportações angolanas para os Estados Unidos e para outros mercados globais deve ser estrategicamente harmonizada, com planos e políticas que perpetuem uma economia verde e inclusiva. É uma jornada, na qual o sucesso será medido não apenas pelo crescimento do PIB, mas também pelo bem-estar das suas pessoas, pela preservação das suas tradições e pela saúde dos seus ecossistemas.

No centro deste palco, Angola não é apenas um exportador, mas um narrador, um protagonista, que através dos seus produtos, partilha com o mundo as suas histórias, a sua riqueza cultural e natural, e os seus princípios. E neste encontro entre comércio e cultura, entre economia e ética, nasce uma via de mão dupla, em que as exportações se tornam um meio através do qual Angola comunica, aprende, influencia e é influenciada, num dinâmico e promissor intercâmbio global.

Deste modo, exploro o modo como as exportações de produtos “Made in Angola” actuam como protagonistas na moldagem da nova Angola, influenciando, simultaneamente, a economia dos Estados Unidos da América.

*Por Mário Munto Ndala, Professor da Faculdade de Economia da UAN
*A opinião expressa no texto é de inteira responsabilidade do seu autor.

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