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Sexta-feira, Novembro 8, 2024

Estados Unidos na antessala de uma nova era Trump

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FONTE:AFP

Seus adversários pediam para que os eleitores virassem a página, mas será Donald Trump quem escreverá o próximo capítulo da história dos Estados Unidos na Casa Branca, após uma vitória eleitoral esmagadora sobre Kamala Harris nas eleições presidenciais.

A vice-presidente democrata telefonou para o adversário para cumprimentá-lo por sua vitória quatro anos depois de perder para Joe Biden, uma derrota que ele nunca reconheceu.

“Disse que o ajudaremos, assim como sua equipe com a transição e que participaremos de uma transição pacífica do poder”, afirmou Kamala em um discurso a apoiadores em Washington. A democrata também disse que é preciso “aceitar os resultado”, mas seguir “lutando” pelos ideais.

“O presidente Trump reconheceu a vice-presidente [Kamala] Harris por sua determinação, profissionalismo e perseverança ao longo da campanha”, afirmou Steven Cheung, porta-voz do ex-presidente republicano, referindo-se à candidata democrata.

Biden, por sua vez, “parabenizou” Donald Trump e o “convidou” para ir à Casa Branca. O presidente também elogiou a “integridade” e a “coragem” de sua vice, após o discurso no qual reconheceu a derrota.

Na quinta-feira, o democrata “discursará à nação” para abordar os resultados das eleições e o período de transição.

Outro que parabenizou Trump pela vitória foi o ex-presidente Barack Obama, ressaltando, em nota, que “viver em uma democracia significa reconhecer que nosso ponto de vista nem sempre vai vencer”.

A vitória de Trump foi esmagadora. Com a contagem ainda pendente nos últimos estados, o candidato republicano soma 292 votos no colégio eleitoral contra 224 da rival. Trump precisava de 270 para vencer.

Foi uma vitória extraordinária após uma campanha na qual ele foi alvo de duas tentativas de assassinato, quatro acusações e uma condenação criminal.

Os americanos esperavam que o resultado demorasse talvez dias e temiam uma explosão de violência caso o republicano perdesse, mas estavam enganados.

Assim como em 2016, sua vitória foi rápida. Trump não demorou para vencer em dois dos sete estados-pêndulo, Geórgia e Carolina do Norte, seguidos da Pensilvânia. Wisconsin encerrou a disputa e acabou com as esperanças de Kamala. Horas depois, também foi anunciada a vitória do magnata em Michigan.

De acordo com uma pesquisa de boca de urna da NBC News, latinos e afro-americanos contribuíram para a vitória do republicano, a quem deram mais votos do que há quatro anos.

– Ajudar o país a se “curar” –

Trump conseguiu o apoio de 45% dos eleitores latinos em nível nacional, frente a 53% para Kamala. Em 2020, a divisão foi de 32% e 65%.

“Fizemos história”, proclamou Trump, de 78 anos, aos seus apoiadores em West Palm Beach, Flórida, cercado de sua família, incluindo sua esposa, Melania.

“Vamos ajudar nosso país a se curar”, acrescentou o magnata, que conseguiu convencer os americanos de que os entende melhor do que ninguém.

Os mercados também reagiram positivamente à vitória do republicano, mesmo com sua retórica assustadora.

Trump prometeu expulsar os migrantes em situação irregular, pois afirma que “envenenam o sangue” do país.

O republicano prometeu reconquistar as cidades tomadas, segundo ele, por migrantes, e fechar a fronteira com o México para garantir que as pessoas não entrem mais sem visto. O dia da vitória será o da “libertação”, afirmou.

Nesta quarta-feira, Trump declarou que eles poderão vir, mas apenas legalmente.

Tudo saiu do jeito que ele desejava porque, além de vencer as eleições presidenciais, o Partido Republicano retomou o controle do Senado dos democratas.

Com um estilo direto, sua mensagem ecoou na classe trabalhadora e no meio rural, desiludido com as elites de Washington.

Sua volta à Casa Branca despertou a alegria em milhões de apoiadores, que usam o boné vermelho com seu slogan “Make America Great Again”.

– Tarifas –

Como será a segunda Presidência de Trump, a partir de 20 de janeiro de 2025?

O empresário já deu algumas dicas. Ele prometeu resolver a guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio, mas sem explicar como.

Cético a respeito do clima, prometeu voltar a tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris e perfurar petróleo “em grande escala”.

No setor comercial, ele planeja impor tarifas para “trazer de volta” as empresas ao país.

E parece especialmente preocupado com seu vizinho do sul. “Eu diria que o México é um tremendo desafio para nós porque a China está construindo fábricas enormes de automóveis” no país e “vão vendê-los nos Estados Unidos”, reclamou durante a campanha.

“Tirar os cartéis de drogas do mercado” foi outra de suas promessas.

– Musk e Kennedy –

Também preocupam suas ameaças ao que chama de “inimigo interno” e sua sede de vingança.

Muitos países, incluindo seus aliados, estão nervosos com o que pode fazer, mas o republicano já recebeu cumprimentos, a começar por China, França e Israel. A Rússia afirmou que pretende julgar a Presidência de Trump por suas “ações”.

Poucos detalhes foram revelados sobre os futuros membros de seu governo, com duas exceções.

Ele cogita atribuir um cargo na administração ao homem mais rico do mundo, Elon Musk, que fez campanha para ele, e outro a Robert F. Kennedy Jr, herdeiro do clã político mais famoso dos Estados Unidos e ativista antivacina, possivelmente na área de saúde.

Aos 78 anos, o homem no comando da maior potência do mundo será o presidente americano mais idoso a tomar posse.

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