Os líderes do grupo BRICS+ darão início à primeira cimeira do bloco desde a nomeação de novos membros este ano. O encontro em Kazan, na Rússia, de terça a quinta-feira desta semana, decorre enquanto o grupo enfrenta tensões geopolíticas cada vez mais severas e novas disputas entre os recém-chegados.
O grupo das grandes potências não ocidentais era originalmente composto pelo Brasil, Rússia, Índia e China, antes de se juntar a África do Sul em 2010. A Etiópia, o Egipto, o Irão e os Emirados Árabes Unidos juntaram-se como novos membros no início de Janeiro de 2024, após a decisão de alargar o grupo na Cimeira da África do Sul, em Agosto de 2023.
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A reunião deste ano vai atrair muita atenção. Uma questão importante é saber se o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente chinês, Xi Jinping, terão uma reunião individual à margem da cimeira após o anúncio de ontem de um novo acordo fronteiriço entre os países.
Os encontros anteriores mostraram uma linguagem corporal decididamente fria entre a India e a China, e um encontro mais caloroso na Cimeira a decorrer na Rússia fortaleceria os rumores de um maior desenvolvimento na relação.
A cimeira é também uma ocasião para o presidente russo, Vladimir Putin, mostrar que não está isolado no palco mundial. Embora o grupo seja frequentemente enquadrado como anti-ocidental no seu âmago, isto é indiscutivelmente mais verdade para a Rússia do que para alguns outros países membros. O recente anúncio do Cazaquistão de que não se juntaria ao grupo levou a restrições comerciais impostas por Putin.
Em contrapartida, 34 países manifestaram interesse em aderir ao bloco. Os meios de comunicação estatais chineses disseram que novas adições ao grupo serão anunciadas durante a cimeira.
Entretanto, os novos membros que aderiram em janeiro trazem os seus próprios conflitos para o grupo.
Uma disputa territorial de longa data entre o Irão e os Emirados Árabes Unidos, bem como um desacordo entre a Etiópia e o Egipto sobre o impacto de um enorme projecto de barragem nos recursos hídricos partilhados do rio Nilo, e a recusa do Egipto e da Etiópia em apoiar a candidatura da África do Sul a um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, acrescentarão complicações no seio do grupo.
A Rússia tem feito campanha por sistemas de pagamento alternativos para diminuir o domínio do dólar norte-americano, que foi utilizado nas sanções em resposta à invasão da Ucrânia.
Putin apelou a uma alternativa BRICS ao sistema de mensagens interbancárias SWIFT, e a uma moeda BRICS, embora até ele admita que esta última precisa de mais trabalho. Em vez disso, os países-membros irão provavelmente promover o aumento do comércio em moedas locais para diluir a influência do dólar.
Muitos membros dos BRICS estão a tentar equilibrar as alianças e as prioridades concorrentes. Continuam a trabalhar em estreita colaboração com os Estados Unidos e outras nações do Ocidente, enquanto procuram obter uma maior influência global.
A Índia, que tem elogiado o seu multi-alinhamento estratégico, também faz parte do Quad, uma parceria de segurança com a Austrália, o Japão e os Estados Unidos. O Egipto e os Emirados aproximaram-se da China, enquanto trabalham com os Estados Unidos e Israel na segurança regional. O Brasil, um forte defensor da desdolarização, ainda depende fortemente dos EUA, que é o seu segundo maior parceiro comercial.
Por Editor Económico
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