O representante permanente de Angola junto da Organização das Nações Unidas (ONU), Francisco José da Cruz, defendeu, esta segunda-feira, a necessidade do Conselho de Segurança (CS) garantir um apoio político completo e consistente às operações de paz.
O diplomata defendeu este posicionamento no debate aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o tema “Reforçar a Manutenção da Paz: Reflexões para o Futuro ”, afirmando tal apoio vai permitir cumprir os seus mandatos das referidas operações de forma mais eficaz e criar condições favoráveis para encontrar soluções duráveis em conflitos.
Na ocasião, sublinhou a necessidade de se abordar a alargada lacuna entre os mandatos de manutenção da paz da ONU e o que as missões podem realisticamente realizar no terreno, a fim de gerir as expectativas das autoridades e dos cidadãos do país anfitrião, para evitar crise de legitimidade e saída prematura forçada, “como vimos no Mali e na República Democrática do Congo (RDC)”.
No contexto do projecto de Pacto para o Futuro em discussão, documento a ser aprovado na Cimeira do Futuro, a realizar-se de 22 a 23 de Setembro do ano em curso, realçou ser fundamental ter em conta o papel dos parceiros regionais nas operações de paz e as suas respectivas vantagens comparativas, ter uma resposta abrangente e eficaz à paz actual e emergente, e ameaças de segurança.
Conforme o diplomata, as operações de paz da ONU são uma ferramenta essencial para proteger os civis em situações de conflito e promover activamente as estratégias de paz e segurança a longo prazo.
No entanto, assinalou que o apoio internacional às operações de paz está a diminuir, exigindo que se adaptem urgentemente a essas dinâmicas e dinâmicas diplomáticas em evolução, a fim de poderem cumprir eficazmente os seus mandatos.
“África, o continente que acolhe a maior parte das operações de paz no mundo, continua a lutar contra recursos financeiros limitados para satisfazer as suas necessidades de segurança, salientou.
Para o embaixador Francisco José da Cruz a adopção da resolução 2719 do CSNU, em Dezembro de 2023, constitui um marco importante na parceria das Nações Unidas –União Africana sobre a paz e a segurança.
O documento, ressaltou, fornece o quadro para o financiamento adequado, previsível e sustentável para as Operações de Apoio à Paz lideradas pela União Africana.
O diplomata lembrou que, à semelhança de outros países africanos em situações de conflito, Angola beneficiou de quatro missões de manutenção da paz da ONU autorizadas pelo Conselho de Segurança, entre 1989 e 2007, para ajudar o país a restaurar a paz e a alcançar a reconciliação nacional.
Referiu que, embora se reconheça o papel crítico desempenhado pelas Nações Unidas no sucesso deste processo, no final, o forte compromisso dos líderes angolanos com uma solução política e a postura de nível elevado do Governo em relação à paz e à unidade nacional, foram os factores determinantes para terminar décadas de conflito interno a 4 de Abril de 2002. SC