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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Observatório da Maianga: Ponto prévio em jeito de apresentação

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Por: Reginaldo Silva (Jornalista)

Dou início com este texto no “Portal de Angola” a uma coluna regular de opinião com a denominação de “Observatório da Maianga” e com as atenções voltadas para aquilo que eu considero serem algumas das questões que mais me preocupam/interessam, quando em causa está o presente e o futuro deste país e dos seus mais de trinta milhões de habitantes.

A pensar numa presença semanal, para já o compromisso do cronista com o Portal de Angola será quinzenal, o que quer dizer que estarei por aqui a assinar o ponto duas vezes por mês às segundas-feiras.

Interessa-me sobretudo o futuro, mas o passado por razões óbvias não será esquecido, sempre que se justificar o flashback num país que tem problemas recorrentes de memória, que por definição geral já é um território selectivo/movediço. Os problemas de memória afectam-nos a todos, tanto a nível individual como institucional.

É com os mais de trinta milhões de angolanos e para eles que todas as atenções e preocupações fazem sentido, pois não há Angola sem pessoas, de preferência vivas, saudáveis e felizes o que ainda está muito longe de ser a nossa imagem de marca.

Não há Angola, sem estes milhões todos de angolanos em franco crescimento demográfico e com uma taxa de natalidade acima da média, mesmo a africana.

O desafio maior é olhar para esta gente toda não como uma mera cifra estatística, mas tentando sempre que possível identificar cada uma das pessoas no seu contexto próprio.

É aí que estão as histórias.

Não é, pois, possível esta abstracção, que é falar de Angola sem falar de cada um dos angolanos pelo menos do ponto de vista jornalístico que é aquele que me tem orientado profissionalmente desde que há cerca de 50 anos fui admitido na Rádio Nacional de Angola ainda nas suas vestes coloniais de Emissora Oficial de Angola, quando poucos meses nos separavam do dia 11 de Novembro de 1975 que é a data maior da nossa história.

A data da Dipanda.

Será uma cronica tipicamente jornalística e sempre que possível bem-humorada, ao sabor da actualidade e do interesse público sendo certamente a actualidade politica aquela que mais me apaixona.

Já lá vão os tempos em que a política era só para os políticos.

São os tais tempos do antanho ou do kaparandanda que alguns saudosistas insistem em trazer de volta.

É uma paixão jornalística muito racional explicada pelo impacto e a transversalidade que as decisões políticas têm sobre todos nós enquanto cidadãos com todos os direitos e liberdades que temos, sem nos esquecermos, obviamente, dos deveres e das obrigações que também são fundamentais nesta “arte de engenharia” que é viver em sociedade.

Viver, mas com aquele mínimo de paz social recomendável, sem o qual a coexistência pode ser um desafio muito complicado como continua a ser um pouco por todo o lado onde existem comunidades humanas tuteladas por poderes políticos.

De paz social estamos a falar, usando uma definição que não é da nossa lavra, da “existência de condições sociais, económicas e políticas que promovam o bem-estar colectivo e permitam que todos os membros da comunidade convivam de maneira respeitosa e equitativa”.

A pensar na maior parte dos angolanos, estamos a falar de um mínimo que, lamentavelmente, Angola ainda não tem, depois do fim do ensurdecedor barulho da guerra já lá vão mais de 22 anos.

Um barulho que com o seu cortejo de horrores e devastação condicionava terrivelmente tudo e todos.

Felizmente que este barulho, como cantou Felipe Mukenga, hoje já faz parte do entulho, mas pelos vistos a sua erradicação da nossa paisagem acústica ainda não foi suficiente para dar lugar a outros sons menos estridentes/mais harmoniosos.

Não deu e o que é mais grave nesta altura é que as tendências rumo à desejada paz social são muito pouco animadoras.

A ter em conta os nossos indicadores de desenvolvimento humano, em vez de nos aproximarmos dos “mínimos olímpicos”, estamos a afastar-nos deles.

Queremos acreditar que seja apenas uma tendência conjuntural.

É, pois, pelos trilhos que nos deverão levar até à paz social, sem passar ao lado de nada que faça parte da actualidade com o necessário interesse público, que procuraremos do alto deste “Observatório da Maianga” encaminhar esta crónica com a esperança de sempre.

Como é evidente, não teremos capacidade, nem há espaço físico disponível numa crónica jornalística, para absorver e processar tudo quanto de preocupante/interessante acontece diariamente neste país.

Será sempre uma parte do todo que é a movimentação quotidiana deste país que se prepara para assinalar em Novembro do próximo ano o seu primeiro meio século de existência como nação independente.

“Os angolanos têm motivos para uma festa de arromba dos 50 anos de independência ou a data deve servir para reflexão?”

A esta pergunta publicada numa rede social por alguém que também é jornalista respondemos da seguinte forma:

Nós que vimos o país nascer desde o primeiro dia e nunca daqui arredamos pé, devíamos ser todos medalhados com a grande ordem da coragem, da paciência e da fé.

Angola veio para ficar!
Angola é para sempre!

Portal de Angola

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