O ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, foi condenado, nesta quinta-feira, 8, por acusações criminais, nos Estados Unidos, pelo seu alegado envolvimento numa fraude que envolveu dois mil milhões de dólares em empréstimos a três empresas estatais para desenvolver a indústria pesqueira do país.
Os jurados consideraram Manuel Chang culpado de conspiração para cometer fraude eletrónica e conspiração para cometer branqueamento de capitais no caso dos “Dívidas Ocultas”, após um julgamento de três Semanas, no tribunal federal de Brooklyn, Nova Iorque.
Chang planeia recorrer do veredicto, disse o seu advogado de defesa, Adam Ford, aos jornalistas à saída do tribunal.
Os procuradores disseram que a empresa de construção naval Privinvest pagou a Chang sete milhões de dólares em subornos em troca da aprovação de uma garantia do governo de Moçambique para empréstimos a três empresas estatais para desenvolver a indústria pesqueira do país africano e melhorar a segurança marítima.
Os empréstimos vieram do Credit Suisse e do banco russo VTB.
Chang recebeu os fundos numa conta bancária suíça controlada por um amigo e fez com que outros responsáveis moçambicanos comunicassem à Privinvest sobre os pagamentos, numa tentativa de encobrir os seus rastos, disseram os procuradores.
Vitória inspiradora
Os projetos acabaram por não resultar e as empresas apoiadas pelo Estado não pagaram os seus empréstimos, deixando os investidores com perdas de milhões de dólares.
Doadores como o Fundo Monetário Internacional suspenderam temporariamente o apoio, desencadeando um colapso monetário e turbulência financeira.
“O veredicto de hoje é uma vitória inspiradora para a justiça e para o povo de Moçambique”, disse Breon Peace, o principal procurador federal em Brooklyn, em comunicado.