25 C
Loanda
Segunda-feira, Outubro 7, 2024

Boeing Confessa Conspiração para Enganar o Governo dos EUA

PARTILHAR
FONTE:Engadget

A gigante da aviação Boeing e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) chegaram recentemente a um acordo que tem gerado muita controvérsia. Este acordo surge na sequência de dois acidentes fatais envolvendo o modelo 737 Max, que resultaram na morte de 346 pessoas em 2018 e 2019. A Boeing concordou em declarar-se culpada de conspiração para defraudar o governo dos EUA, mas muitos questionam se as penalidades são suficientes para fazer justiça às vítimas.

Os acidentes ocorreram em circunstâncias trágicas e levantaram sérias questões sobre a segurança e a transparência da Boeing. Em ambos os casos, o sistema de aumento das características de manobra (MCAS) foi identificado como o ponto de falha. Este sistema foi projetado para melhorar a estabilidade do avião, mas acabou por ser uma das causas principais dos acidentes.

O Acordo Inicial de 2021

Em 2021, a Boeing já tinha chegado a um acordo com o DOJ, comprometendo-se a pagar $2,5 mil milhões em multas e compensações. Este valor incluía $1,77 mil milhões para os clientes da Boeing, $243,6 milhões em multas e $500 milhões para um fundo de vítimas de acidentes. Além disso, a empresa prometeu implementar mudanças significativas na segurança e não se envolver em qualquer má conduta durante três anos.

Violações e Novo Acordo

No entanto, em maio de 2023, o DOJ anunciou que a Boeing tinha violado o acordo de 2021. Apenas quatro meses antes, um painel de cabine de um voo da Alaska Airlines tinha-se soltado a 16.000 pés de altitude, evidenciando falhas contínuas na segurança. Em resposta, o DOJ ofereceu à Boeing um novo acordo em 30 de junho de 2023, dando-lhe uma semana para aceitar ou enfrentar um julgamento.

Se o novo acordo for aprovado pelo tribunal, a Boeing terá de pagar uma multa de $487,2 milhões. Parte deste valor poderá ser coberto pelos pagamentos feitos no acordo original. Além disso, a empresa será obrigada a investir pelo menos $455 milhões em segurança e conformidade nos próximos três anos, sob a supervisão de um monitor externo nomeado pelo DOJ.

Críticas ao Acordo

O novo acordo tem sido alvo de críticas severas, especialmente por parte das famílias das vítimas. Paul Cassell, advogado que representa algumas dessas famílias, afirmou que o acordo “não reconhece que, devido à conspiração da Boeing, 346 pessoas morreram”. Ele acrescentou que, através de manobras jurídicas, as consequências mortais dos crimes da Boeing estão a ser ocultadas.

Se aprovado, este será o primeiro novo crime grave da Boeing em décadas. A empresa já enfrenta uma perda significativa de confiança por parte do público e dos reguladores. A implementação das mudanças prometidas será crucial para restaurar a sua reputação e garantir a segurança dos seus futuros voos.

Por Tiago Carvalho

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Comissão Europeia obtém apoio dos Estados-Membros da EU para impor tarifas até 45% sobre veículos elétricos chineses

A Comissão Europeia anunciou na sexta-feira que recebeu apoio suficiente dos Estados-Membros da UE para impor tarifas pesadas de...

O crescimento do emprego nos EUA supera todas as estimativas, deixando a Fed em alerta

O crescimento do emprego nos Estados Unidos em setembro superou todas as estimativas, a taxa de desemprego diminuiu inesperadamente...

Bolsas da China sobem no maior rali num só dia desde 2008 devido aos estímulos económicos do governo

As ações chinesas registaram os seus maiores ganhos diários em 16 anos na segunda-feira, com as ações domésticas A...

Principais empresas petrolíferas dos EUA revelam pagamentos maciços a governos estrangeiros

As três maiores empresas de exploração de energia dos EUA pagaram mais de 42 mil milhões de dólares a...
  • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
  • Radio Calema
  • Radio Calema