Ainda não é oficial, mas vários jovens de partidos guineenses prometem unir-se contra o “regime ditatorial” do Presidente Umaro Sissoco Embaló. Juventudes do PAIGC e do PRS dizem que está na hora de agir.
Vários jovens de partidos políticos guineenses arregaçam as mangas contra o regime do Presidente Umaro Sissoco Embaló. Depois dos líderes de alguns partidos terem sido acusados de apatia, as juventudes das principais forças políticas tencionam mobilizar e despertar consciências de mais pessoas para lutar contra a “destruição da democracia” no país.
À DW, o líder da juventude do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) não avança detalhes sobre a estratégia. Ussumane Camará diz apenas que o momento político caótico que o país vive – sem Parlamento a funcionar e com repressão a protestos – exige que os jovens partidários assumam as suas responsabilidades.”Estando perante um regime que tem intensificado a repressão contra o povo, a única alternativa é lutar pela liberdade. O PAIGC e a sua estrutura juvenil, em colaboração com os demais, terão de abraçar essa jornada. É a nossa obrigação. Não tememos a tortura, não tememos nada”, desafia.
PAIGC não é o único insatisfeito
A juventude do Partido da Renovação Social (PRS), terceira maior força política, também está insatisfeita com o cenário político e social na Guiné-Bissau. Emanuel Correia Na Walna, porta-voz da juventude dos renovadores, diz que, neste momento, o partido é o “mais afetado com esta situação”.
“A nossa sede foi escancarada, colocaram os militares e ninguém pôde entrar. Como é que nos podemos sentir bem com esta situação?”
À semelhança dos jovens do PAIGC, Emanuel Correia Na Walna afirma que chegou a hora de juventude se revoltar contra todas as más decisões do passado. “Os jovens devem começar a ver a política de outro modo”, comenta.
“A verdade é que a defesa da cor partidária nos fez tomar decisões e defender coisas que não deveríamos estar a defender”, diz o porta-voz. “Independentemente do partido, nós jovens precisamos entender que a Assembleia Nacional Popular não podia ser dissolvida nos termos que foi e os tribunais precisam ser recuperados”.
Ações “em breve”
As críticas à atuação de alguns dirigentes partidários, por alegada apatia ou cobardia, crescem na sociedade. Mas o líder da juventude do PAIGC defende que todos são convidados a lutar e defender o interesse nacional.
“Vamos lutar contra o regime atual e, no final, o vencedor será o povo através de lutas comuns.”
Ussumane Camará promete que brevemente os jovens do partido farão a sua parte. “Somos estruturas políticas, precisamos das orientações políticas, mas com a nossa própria iniciativa, a juventude partidária vai se preparar e convocar o povo e as nossas estruturas. Não podemos virar costas a essa jornada”.
Os jovens dizem que estão a planear uma ação para breve, embora não avancem datas. Agora, será que terão campo para alcançar as mudanças desejadas no país?
O analista político Santos Nuno Mustas considera que isso é possível, se a atuação das juventudes partidárias for estratégica e bem-estruturada: “Em qualquer que seja o regime ditatorial, é preciso que haja movimentos e intervenções sobretudo das formações políticas”, assinala.
“Se as intervenções das estruturas juvenis destes partidos forem bem pensadas, terão resultados positivos, exigindo a reposição da ordem constitucional.”
Santos Nuno Mustas acredita, por outro lado, que, independentemente das violações constitucionais cometidas, ainda há espaço para diálogo entre os atores políticos, incluindo com o Presidente da República.
Por Djariatú Baldé