São Tomé e Príncipe e a Rússia assinaram um acordo técnico militar que tem o objetivo de intensificar não só o treino militar conjunto, como também o recrutamento de forças armadas e a utilização de equipamento militar. Prevê-se ainda que Moscovo envie aviões, navios de guerra e embarcações para o arquipélago.
A assinatura desde acordo está a gerar muitas reacções no país. O governo defende este acordo militar, salientando que este não belisca as relações com o Ocidente.
O chefe do governo são-tomense, Patrice Trovoada, reagiu, esta quarta-feira, ao acordo militar assinado entre o seu país e a Rússia e afirmou que este procedimento não altera as relações com os parceiros ocidentais, com quem São Tomé e Príncipe coopera no domínio da defesa e da segurança.
O primeiro-ministro desvalorizou ainda as críticas sobre o facto de o acordo não ter sido enviado para a Assembleia Nacional como reclama a oposição, para apreciação. “Cabe ao governo negociar, assinar acordos e, a partir daí, segue os outros trâmites”, referiu o chefe do governo.
O chefe executivo recordou ainda que se reuniu ainda esta semana com o embaixador dos Estados Unidos da América e destacou a parceria com Portugal, na segurança do Golfo da Guiné.
“As declarações do próprio embaixador testemunham as excelentes relações que temos com os Estados Unidos, uma parceria em vários domínios e que tem também uma vertente militar, uma parceria que temos com Portugal e que toda a gente sabe da presença de navios portugueses, em permanência em São Tomé e Príncipe”, acrescentou.
A oposição, na voz de Jorge Bom Jesus, líder do partido MLSTP/PSD, criticou, em entrevista à agência de notícias LUSA, “o secretismo” com que foi assinado este acordo, que, na sua ótica, terá consequências negativas, quer nas relações com a União Europeia, quer com os Estados Unidos da América.
“É assim que este governo tem agido com os dossiers importantes, com os grandes dossiers do país, com muito pouca transparência, com muito secretismo. Trata-se de um acordo que, em momento nenhum, ouvimos qualquer comunicado do Conselho de ministros a fazer alusão a esse acordo. Um acordo desta envergadura, numa área bastante sensível e atendendo ao contexto mundial neste momento penso que exige interação, entre os vários órgãos de soberania e sendo a defesa uma área partilhada entre o governo e a Presidência, no mínimo, nós gostávamos também de ouvir o Sr. Presidente da República para sabermos se há alinhamento relativamente a este dossier. Tendo em conta o contexto, enfim, a clivagem que nós conhecemos entre a Europa, a UE, a Rússia, no quadro das relações internacionais neste momento, o governo, penso que sabe perfeitamente que haverá consequências e é, em função de tudo isto, que se deve ponderar”, rematou Jorge Bom Jesus.