À quarta vez, José Pedro Aguiar-Branco foi eleito presidente da Assembleia da República (AR), com 160 votos a favor, muito acima dos 50 votos no deputado do Chega, Rui Paulo Sousa, e dos 18 votos em branco. A decisão foi recebida com aplausos, tanto da bancada do PSD, como também da parte de alguns deputados do PS, concretizado que estava o acordo alcançado entre os dois partidos para uma presidência dividida da AR – agora com Aguiar-Branco e, a partir de 2026, com um deputado do PS (que ainda não se sabe qual será).
“Senhoras e senhores deputados, se alguma coisa o dia de ontem [terça-feira] nos ensinou é que não devemos desistir da democracia. Eu não desisto”, declarou Aguiar-Branco, depois de subir à cadeira principal do hemiciclo, para a qual teve de enfrentar quatro votações.
Neste contexto, e para garantir que “o que aconteceu ontem e já tinha acontecido antes não se volte a repetir, a bem da democracia”, o novo presidente da AR desafiou “todos os grupos parlamentares a repensar o regimento, nomeadamente no que diz respeito às regras de eleição” da Mesa da AR.
José Pedro Aguiar-Branco comprometeu-se a estar à altura da “exigência de imparcialidade, equidistância, rigor” que esperam das suas funções enquanto segunda figura do Estado. E comprometeu-se a fazê-lo “com todos os deputados”.
“Por uma razão simples: se não somos capazes de nos entender na casa da democracia, que exemplo estamos a dar para fora?”, questionou, em tom retórico.
O novo presidente da AR desejou que a Mesa da AR que será agora eleita “seja capaz de unir o que as ideologias separam” e que “a política não separe o que os eleitores nesta casa quiseram unir”. É que, “independentemente dos cenários e das hipóteses, independentemente do que lemos e ouvimos, os portugueses elegeram-nos para aqui estarmos nos próximos quatro anos”, vincou.
“Esta casa não é a casa dos cenários e dos comentários, é a casa das políticas que afetam os portugueses”, observou, num discurso que terminou com a ovação de pé da bancada social-democrata.