30 C
Loanda
Domingo, Novembro 24, 2024

Guerra Israel-Hamas divide G-20, arriscando a paralisia na reunião de hoje no Brasil

PARTILHAR
FONTE:Bloomberg

O Grupo dos 20 está tão dividido quanto aos conflitos em Gaza e na Ucrânia que poderá ser forçado a reduzir o âmbito do fórum e a evitar completamente questões geopolíticas este ano, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

Remover todos os temas políticos sensíveis das declarações do G-20 diminuiria a relevância do formato, mas isso daria ao grupo a oportunidade de chegar a um consenso sobre outras questões.

Os ministros das Relações Exteriores do G-20 se reunirão no Rio de Janeiro a partir de quarta-feira, quando o grupo deverá discutir o conflito no Oriente Médio. Para complicar a próxima reunião está o facto de o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, no fim de semana ter comparado a guerra de Israel contra o Hamas com o extermínio dos judeus pelos nazis durante o Holocausto.

Lula está dando o tom para as nações em desenvolvimento desde que o Brasil ocupa a presidência rotativa do G-20. Vários países latino-americanos retiraram os seus embaixadores de Israel, enquanto a África do Sul entrou com uma ação no Tribunal Internacional de Justiça, acusando Israel de genocídio.

No período que antecedeu a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros – bem como uma reunião dos ministros das finanças na próxima semana – responsáveis que representam nações em desenvolvimento, incluindo a África do Sul e o Brasil , disseram que querem que a sua posição de que Israel está a cometer genocídio seja reflectida em qualquer reunião conjunta do G- 20.

Essa formulação foi rejeitada por vários outros países do G-20, incluindo os EUA e a Alemanha.

O Brasil explorou estratégias para evitar que as guerras ofuscassem o resto da agenda. Estas incluem potencialmente a emissão de uma única declaração no final da presidência do Brasil, em novembro, e não após cada reunião ministerial, segundo as pessoas.

Alguns membros que representam as nações em desenvolvimento argumentaram que o G-20 deveria abandonar quaisquer referências a conflitos geopolíticos, incluindo a guerra da Rússia contra a Ucrânia, uma vez que um acordo sobre essas questões é visto como impossível, disseram as pessoas. O resultado poderá ser que qualquer declaração futura do G-20 será mais curta e menos política.

Significa também que o formato do G-20 voltaria a centrar-se no seu objetivo inicial de promover a cooperação económica e reforçar a resiliência fiscal para evitar a repetição de uma crise financeira global.

Mesmo assim, a geopolítica e as crises continuariam a ser o principal tema de discussão das reuniões fechadas do Rio. Os ministros também se concentrarão na reforma da governação global, disse ele, que inclui a renovação de instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Conselho de Segurança das Nações Unidas e é uma área chave de preocupação para o país anfitrião, o Brasil.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

A Nigéria é “chamada a liderar” em nome de África no Conselho de Segurança da ONU, diz o Ministro dos Negócios Estrangeiros

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Yusuf Tuggar, acaba de lançar aquela que pode ser chamada a candidatura...

A urgência de combater a pobreza energética: como o G20 pode contribuir para o acesso universal à energia limpa para cozinhar

Segundo os dados mais recentes da Agência Internacional de Energia (AIE), aproximadamente 2,3 mil milhões de pessoas no mundo...

EUA apoiam dois assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU para África

Os Estados Unidos apoiam a criação de duas cadeiras permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas para estados...

Mercados emergentes, globalização e o paradoxo de Lucas

Os mercados emergentes detêm as rédeas do crescimento sustentável futuro e as chaves para o futuro do multilateralismo À medida...