Atingir “o emprego e o crescimento” da Hungria, é assim que a União Europeia se está a preparar para pressionar Viktor Orbán a dar luz verde ao pacote de ajuda de 50 mil milhões de euros destinado à Ucrânia.
De acordo com documentos confidenciais a que o jornal norte-americano Financial Times teve acesso, Bruxelas está pronta para sabotar a economia de Budapeste, naquilo que parece ser uma escalada de tensões entre os 26 e o Estado-membro pró-russo.
O plano delineado por Bruxelas passa por atacar explicitamente as fraquezas económicas da Hungria, colocando assim em risco o florim húngaro e instigando a um colapso da confiança dos investidores. O objetivo é prejudicar “o emprego e o crescimento”.
“Isto é a Europa a dizer a Viktor Orbán ‘basta, está na altura de entrar na linha. Podem ter uma pistola, mas nós temos a bazuca’”, explica ao Financial Times, Mujtaba Rahman, diretor para a Europa do Eurasia Group, uma empresa de consultoria.
No documento consta ainda que “no caso de não haver acordo na [cimeira] de 1 de fevereiro, os outros chefes de Estado e de Governo declararão publicamente que, à luz do comportamento pouco construtivo do primeiro-ministro húngaro não podem permitir” que fundos da UE sejam concedidos a Budapeste.
“Isto é chantagem. Uma mudança é necessária em Bruxelas”, reage a Hungria
Em reação ao artigo do Financial Times, o diretor político de Viktor Orbán, Balázs Orbán, acusou Bruxelas de “estar a usar a chantagem contra a Hungria como se não houvesse amanhã”.
Balázs lembra que, tal como é referido no artigo do Financial Times, Budapeste enviou uma nova proposta para Bruxelas, no sábado, garantindo que “estava agora disposta a permitir o uso do orçamento da UE para o pacote de ajuda à Ucrânia e até a emitir dívida comum para o financiar, caso fossem acrescentados outros limites que concedessem a Budapeste a oportunidade de mudar de ideias numa data posterior”.
O responsável húngaro garante que “é muito claro” que “isto é chantagem e nada tem a ver com o Estado de Direito”. “Agora, já nem sequer estão a tentar escondê-lo”, acusa Balázs Orbán.
“Aconteça o que acontecer, é preciso uma mudança em Bruxelas!”, culmina o diretor político de Viktor Orbán.
A Hungria mantém-se como o único dos 27 Estados-membros a bloquear o novo pacote ajuda destinado a Kiev, com Viktor Orbán a garantir que se vai mudar de posição.