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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Morreu Peter Magubane, o fotojornalista que documentou a violência do apartheid

Durante a revolta do Soweto de 1976, captou algumas das imagens mais marcantes da revolta estudantil e ganhou notoriedade generalizada.

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FONTE:VOA

O fotojornalista sul-africano Peter Magubane, que narrou décadas de violência durante a era do apartheid, incluindo a revolta estudantil de Soweto em 1976, morreu nesta segunda-feira, 1, aos 91 anos.

O anúncio foi feito pela família, que não indicou a causa da morte, mas a associação de jornalistas SACEF disse que “ele faleceu hoje pacificamente, cercado pela sua família”.

“Ele era muito apaixonado pelo seu trabalho, tudo o resto parava quando se tratava do seu trabalho”, disse a filha Fikile à cadeia televisiva SABC.

Uma das suas mais icónicas imagens é uma de 1956, em que captou uma jovem branca sentada num banco com a inscrição “Somente Europeus”, com sua empregada negra sentada atrás dela, do outro lado do banco.

Depois de Nelson Mandela ter sido libertado da prisão em 1990, Magubane tornou-se o fotógrafo oficial dele até ter sido eleito Presidente quatro anos depois.

Numa entrevista Magubane disse que sua fotografia favorita de Mandela era a dele a dançar na sua festa de 72 anos, meses depois de ter sido libertado após 27 anos de prisão.

“Você pode ver a alegria da liberdade brilhando nos seus olhos”, afirmou Magubane.

A carreira

Nascido em 1932 no subúrbio de Vrededorp, em Joanesburgo – agora Pageview – Magubane cresceu em Sophiatown, na altura um centro de artistas negros famosos que acabou por ser destruído sob o apartheid.

No início da carreira, trabalhou no laboratório fotográfico da revista negra de cultura urbana Drum antes de passar para trás das câmeras, onde rapidamente se concentrou em documentar a violência do apartheid e os momentos-chave na luta pela igualdade.

Em 1969, ele foi preso enquanto cobria protestos em frente à prisão onde Winnie Mandela e outros ativistas estavam detidos.

Mais tarde, preso, passou 586 dias em confinamento solitário e, ao ser libertado, recebeu ordem para interromper as suas atividades fotográficas por cinco anos.

Magubane foi novamente preso em 1971 e ficou detido durante vários meses, tendo depois continuado a trabalhar enquanto tentava fugir à vigilância policial.

Durante a revolta do Soweto de 1976, captou algumas das imagens mais marcantes da revolta estudantil e ganhou notoriedade generalizada.

Após o anúncio da morte, nesta noite, o ministro da Cultura, Zizi Kodwa, escreveu nas redes sociais: “A África do Sul perdeu um lutador pela liberdade, um magistral contador de histórias e fotógrafo… Peter Magubane documentou destemidamente as injustiças do apartheid”.

C/AFP e Reuters

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