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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Aumento da produção de petróleo nos Estados Unidos coloca em risco a estratégia de preços da OPEP+

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FONTE:Bloomberg

Os Estados Unidos aumentaram a produção de petróleo muito além do que os analistas previam, elevando a produção para um nível recorde, quando a OPEP+ tenta reduzir a oferta numa tentativa de travar a descida dos preços.

Por esta altura, no ano passado, os analistas do governo dos EUA previram que a produção interna seria em média de 12,5 milhões de barris por dia durante o trimestre atual. Nos últimos dias, esta estimativa aumentou para 13,3 milhões, a diferença é quase equivalente ao corte voluntário de 1 milhão de barris por dia na produção da OPEP+ (sem contar com a redução da Arábia Saudita no mesmo montante) decidido a 30 de novembro.

O aumento da produção petrolífera nos Estados Unidos está a ter fortes repercussões nos mercados internacionais, pondo em causa a estratégia da OPEP+ de restringir a oferta para evitar os impactos potencialmente catastróficos do excesso de produção sobre os preços.

Os EUA claramente desempenharam um papel importante no mercado global em 2023, inclusive pressionando a OPEP+ para reduzir sua produção.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, procurou abertamente controlar a influência do petróleo de xisto norte-americano já em 2014, quando o grupo inundou os mercados mundiais com petróleo numa tentativa de reconquistar quota de mercado ao ascendente sector petrolífero dos Estados Unidos. A medida agravou o excesso de oferta existente e desencadeou uma queda de 65% nos preços do petróleo, que levou 14 meses para atingir o seu nível mais baixo.

Esse colapso provocou um abalo na economia do xisto dos Estados Unidos, pondo fim a anos de crescimento vertiginoso da produção. E embora a expansão tenha eventualmente sido retomada, foi invertida pela pandemia global no início de 2020. A indústria do xisto emergiu desse revés com a determinação de dar prioridade ao retorno de dinheiro aos investidores em vez de perseguir ganhos de produção.

Entretanto, nos anos que se seguiram à liquidação de 2014-2016, a aliança OPEP+, como ficou conhecida, trabalhou para impor quotas de oferta entre os países membros como parte de uma estratégia mais ampla de equilíbrio entre a oferta e a procura globais para manter preços robustos.

Essa autodisciplina ajudou a estabilizar o mercado em 2020, e novamente este ano, face à desaceleração da procura e ao excesso de petróleo. Mas os últimos cortes da OPEP+ anunciados no final de novembro não impediram que o petróleo caísse ainda mais.

Hoje, a OPEP+ tem menos poder para influenciar os mercados através de cortes de produção, devido ao aumento da produção nos Estados Unidos, e à entrada de novos intervenientes no mercado, como o Brasil, a Guiana e outros produtores.

Parte do que torna surpreendente o aumento do petróleo nos EUA é que as empresas conseguiram aumentar a produção mesmo quando o número de plataformas de perfuração em funcionamento caiu cerca de 20% este ano. Esse ganho de produtividade confundiu muitos analistas e investigadores que há muito confiam na chamada contagem de sondas como indicador da produção futura de petróleo. Isto deve-se, em parte, ao facto de após anos de pesados investimentos na produção e de terem sido prejudicadas por recessões, as empresas estão empenhadas em manter os gastos sob controlo, introduzindo novas tecnologias e concentrando-se na devolução de dinheiro aos acionistas.

Os exploradores estão extraindo petróleo bruto de novos poços de forma mais eficiente devido a inovações em tudo, desde tecnologia de bombas elétricas até novas estratégias para mobilizar trabalhadores enquanto fraturam poços para minimizar o tempo de inatividade. Um exemplo importante foi a substituição do icónico pumpjack de décadas por equipamento subterrâneo de alta tecnologia tão alto como um edifício de três andares que fica dentro de um poço para empurrar mais petróleo para a superfície.

Por Editor Económico
Portal de Angola

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