Feita prisioneira no seu país, a activista iraniana Narges Mohammadi criticou este domingo em Oslo – através dos seus filhos – o “regime religioso tirânico e misógino” do Irão, aquando da entrega do seu prémio Nobel da Paz.
Feroz adversária do porte obrigatório do véu islâmico para as mulheres e contra a pena de morte no Irão, a Senhora Mohammadi está detida desde 2021 na prisão de Evin em Teerão, e viu-se por isso impossibilitada de receber a prestigiosa recompensa em pessoa, segundo nota da agência AFP.
Narges Mohammadi de 51 anos de idade, tem corajosamente mantido o seu activismo, apesar das numerosas prisões por parte das autoridades iranianas e dos vários anos atrás das grades.
Ela permanece uma luz de liderança para as mulheres iranianas, que depois da morte sob custódia policial no ano passado de Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos de idade, iniciaram uma onda de protestos a nível nacional, que se acabaram por transformar num dos mais intensos desafios enfrentados pelo actual governo teocrático do Irão – de acordo com a agência Associated Press.
– Do calibre de Mandela –
O irmão e o marido de Narges Mohammadi disseram aos jornalistas em Oslo que era intenção dela entrar em greve de fome a partir deste domingo, em solidariedade para com a minoria religiosa Baha’i, que se sente discriminada em vários sectores da sociedade.
Por seu turno os gémeos filhos da activista, separados da mãe há mais de 8 anos, dizem ignorar se ainda voltarão a vê-la.
Na história de mais de 1 século do Nobel, Narges Mohammadi é a quinta laureada a receber o prémio da paz enquanto em detenção, depois do Alemão Carl von Ossietzky, da Birmanesa Aung San Suu Kyi, do Chinês Liu Xiaobo e da Bielorussa Ales Beliatski.
“A sua luta pode ser comparada com as de Albert Lutuli, Desmond Tutu e Nelson Mandela (que receberam todos o Nobel da Paz), que no caso de Mandela levou mais de 30 anos a derrubar o regime do apartheid na África do Sul”
sublinhou a presidente do comité Nobel, Berit Reiss-Andersen.
Por Nelson Nascimento