26 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

As negociações climáticas da COP28 estão num impasse sobre o futuro dos combustíveis fósseis na matriz energética

PARTILHAR
FONTE:Bloomberg

A dois dias do fim da COP28, o impasse sobre os combustíveis fósseis continua a ameaçar de fracasso a Cimeira das Nações Unidas sobre o Clima, no Dubai. A questão fundamental que divide os participantes é decidir se o acordo que surgirá da COP28 deverá apelar à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis ou à sua redução.

O Sultão Al Jaber, presidente da cimeira COP28, realizou no domingo, uma reunião especial de ministros de quase 200 países, numa tentativa de quebrar o impasse sobre o futuro do petróleo e do gás.

A questão dominou a quinzena de negociações realizadas nos Emirados Árabes Unidos, depois que os países não conseguiram chegar a um acordo nas negociações da COP27 do ano passado, no Egito.

Al Jaber disse aos repórteres no domingo que agora “chegou a hora de mudarmos de marcha” para chegar a um resultado oportuno e ambicioso para a cimeira, que terminará em 12 de dezembro.

O ministro da Energia da Arábia Saudita, Prince Abdulaziz bin Salman disse esta semana que o reino não concordará com um texto que pede a eliminação gradual de combustíveis fósseis. O texto deve ser aprovado por unanimidade. Entretanto, a Arabia Saudita, principal produtor da OPEP, instou os países membros numa carta a rejeitarem quaisquer acordos que visem os combustíveis fósseis.

Mas os dois maiores emissores do mundo — a China e os EUA — estão em conversações intensas para encontrar uma linguagem sobre os combustíveis fósseis que possa criar um consenso de forma que o encerramento da Cimeira seja bem-sucedido.

Por outro lado, a União Europeia e outros países estão pressionando por uma linguagem que permita a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, o que será fundamental para manter o aumento da temperatura em 1,5°C.

“Precisamos encontrar consenso e pontos comuns sobre os combustíveis fósseis, incluindo o carvão”, disse Al Jaber. “Precisamos também de chegar a um acordo com as fontes de financiamento e apoio” para a adaptação e uma transição justa.

Apesar de pressionar por uma linguagem mais forte sobre combustíveis fósseis, Al Jaber recusou-se a nomear países produtores de petróleo específicos que estavam a atrasar a ação climática.

Para tentar quebrar o impasse, o presidente da COP realizou um “majlis” – uma convenção árabe – no domingo. A sessão reuniu todos os ministros numa sala para os encorajar a falar abertamente sobre as suas posições e permitir-lhes discutir as suas diferenças. Uma abordagem semelhante foi usada nas negociações de Paris em 2015, quando a presidência organizou sessões indaba para resolver posições conflitantes por meio de diálogo constante.

A discussão sobre o futuro dos combustíveis fósseis está a acontecer quase uma década depois de quase 200 países terem assinado o acordo de Paris para limitar as temperaturas globais bem abaixo dos 2 graus, idealmente a 1,5ºC, para evitar os piores impactos das alterações climáticas. No entanto, as divisões sobre os combustíveis fósseis estão a espalhar-se por outros caminhos.

As nações árabes e um grupo de países em desenvolvimento rejeitaram um texto inicial sobre o objectivo global de adaptação no início da semana, embora esse impasse tenha terminado no domingo, quando os grupos expressaram a sua vontade de negociar.

Mas ainda existem divisões sobre esta parte fundamental das conversações, que deverão estabelecer metas mensuráveis na tentativa da humanidade de se adaptar a um planeta em aquecimento. A China e outros países em desenvolvimento afirmaram querer ver referências mais específicas ao financiamento da adaptação em todo o texto, enquanto os Estados Unidos discordaram.

Al Jaber disse repetidamente que esta é a primeira presidência da COP a apelar ativamente às partes para que apresentem uma linguagem sobre o futuro dos combustíveis fósseis no texto acordado. Nas conversações do ano passado em Sharm El-Sheikh, no Egito, muitas nações produtoras de petróleo recusaram-se a participar num debate.

Por Editor Económico
Portal de Angola

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

O crescimento das energias renováveis até 2030 deverá igualar a capacidade energética actual das maiores economias, diz AIE

Com a energia solar a liderar a sua rápida implantação, as energias renováveis estão no bom caminho para satisfazer...

Al Gore diz que há países que tentam voltar atrás nos compromissos sobre os combustíveis fósseis da COP28

Alguns países estão a tentar escapar do acordo histórico alcançado na Conferência climática COP28 para abandonar os combustíveis...

Depois de Xie na China, Kerry também deixará o cargo de enviado para o clima dos EUA

John Kerry, o principal diplomata dos Estados Unidos para as negociações sobre o clima, pretende renunciar depois de mais...

AIE: A expansão massiva da energia renovável abre portas para alcançar a meta global de triplicação definida na COP28

A capacidade mundial de gerar eletricidade renovável está a expandir-se mais rapidamente do que em qualquer momento nas últimas...