O presidente da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, pediu à comunidade internacional que analise o nível da democracia e o respeito pelos direitos humanos nos países africanos antes de atribuir mais apoios aos respetivos governos e voltou a exigir a reposição da verdade eleitoral depois das autárquicas de 11 de outubro.
“É chegado o momento das instituições da Bretton Woods pensarem seriamente sobre as graves violações de direitos humanos em alguns países, sobretudo africanos, na continuidade em alguns apoios. Antes de ajuda, uma avaliação de situações inaceitáveis em democracia deve estar presente”, afirmou Ossufo Momade em declarações aos jornalistas.
Ele disse ter feito este alerta nas reuniões mantidas esta semana com o embaixador da União Europeia acreditado em Moçambique, Antonino Maggiore, e a equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Pablo Lopes Murphy.
Ao analisar com aqueles responsáveis o processo eleitoral, Momade reiterou que os resultados foram fraudulentos e que foram invertidos na maioria das autarquias ganhas pela Renamo.
Ante este cenário, o líder da oposição afirmou que “a Renamo exige a reposição da verdade eleitoral, sendo, por isso, que tem estado a realizar manifestações pacíficas como forma de protesto”.
“A invasão da Polícia às delegações da Renamo na cidade de Maputo e Nampula foi outra inquietação que apresentámos ao embaixador, como o rasgar de todos princípios democráticos”, acrescentou Momade.
A detenção de jovens militantes do partido “mereceu, igualmente, o nosso repúdio”, segundo o líder da oposição moçambicana.
Refira-se que ontem o Centro de Integridade Pública reiterou que, de acordo com contagens paralelas, a Renamo ganhou em quatro importantes cidades, mas, segundo os resultados oficiais, a Frelimo saiu vitoriosa em 64 dos 65 municípios, enquanto o MDM ganhou na Beira.
O Conselho Constitucional tem em mãos neste momento vários processos dos partidos da oposição sobre os resultados eleitorais.
Tanto a Renamo, o MDM e a Nova Democracia como as plataformas da sociedade civil Mais Integridade e Sala da Paz afirmaram que o processo eleitoral esteve recheado de irregularidades e fraudes.
A Frelimo, que já comemorou a vitória, não tem reagido a essas acusações, limitando-se a dizer que respeita as decisões judiciais.