Há mais de três mil toneladas de comida, água, medicamentos e diversos equipamentos prontos para entrar no enclave palestiniano.
Abriu este sábado de manhã a fronteira de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, para deixar passar os primeiros camiões de ajuda humanitária para o enclave, governado pelo Hamas.
Enquanto a ajuda não chega, as populações desesperam com a destruição das bombas israelitas.
Do bairro da Flor – Al Zahra -, no sul de Gaza, restam apenas escombros. Os moradores vieram avaliar os danos na sexta-feira, depois dos ataques israelitas da véspera.
os prédios e torres só restam as memórias. As pessoas procuravam os seus pertences nos escombros.
Mahmoud Ibrahim exclamava, indignado: “Isto é algo que não pode ser descrito, nem para os humanos nem para os direitos humanos (…) Dizem que aqui há terroristas, para lançarem mísseis; mas é mentira!”.
Salwa Eid é uma mãe desesperada: “Acabei de ver minha casa que foi destruída, que foi saqueada, para ver o que sobrou dela. Não há nada, como se pode ver. Levei dois cobertores para cobrir meus filhos, o resto, são apenas cinzas”.
Rami Ibrahim aponta os escombros, desolado: “Vejam os alvos que os israelitas estão a escolher. Ficaremos aqui nestes escombros ou debaixo dos escombros”.
Para além dos residentes, o bairro de Al Zahara estava repleto de civis que fugiram do norte, sob instruções israelitas.
Segundo o último relatório do gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários na Palestina, desde que teve início a resposta de Israel aos ataques do Hamas, mais de 1,4 milhões de pessoas foram deslocadas, mais de metade dos 2,2 milhões de residentes na Faixa de Gaza.
O documento refere que 544 mil das pessoas deslocadas estão em abrigos administrados pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina e mais de 100 mil estão em igrejas, hospitais e outros edifícios públicos da Cidade de Gaza.
A mesma fonte indica que já foram mortas 4.137 pessoas (352 a mais que ontem).
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 13 mil ficaram feridas até agora.
Osecretário-geral da ONU esteve esta sexta-feira na fronteira de Rafah, a tentar encontrar uma forma de levar a ajuda humanitária vital ao enclave e a passagem entre o Egito e a Faixa de Gaza abriu esta manhã.
António Guterres chamou a atenção para o paradoxo de dezenas de camiões repletos de ajuda parados, com milhares de pessoas em risco de sobrevivência do outro lado do muro.
Estas pessoas “não têm água, não têm comida, não têm medicamentos e estão sob ataque, precisam de tudo para sobreviver. Deste lado vemos tantos camiões carregados de água, de alimentos, de medicamentos (…) Estamos a assistir a um paradoxo” (…) “Estes camiões não são apenas camiões, eles são um salva-vidas. São a diferença entre a vida e a morte para muitas pessoas em Gaza. (…) O que precisamos é fazê-los avançar, fazê-los passar para o outro lado deste muro, avançar o mais rápido possível e no maior número possível”, declarou.
Há mais de três mil toneladas de comida, água, medicamentos e diversos equipamentos prontos para entrar na Faixa de Gaza.