A Índia, o segundo maior produtor mundial de açúcar depois do Brasil, alargou as suas restrições à exportação numa tentativa renovada de proteger o abastecimento interno, uma medida que deverá apertar o mercado global e aumentar os custos para a indústria alimentar.
O governo continuará a restringir os embarques internacionais de açúcar após 31 de outubro, de acordo com um aviso da Direção-Geral de Comércio Exterior divulgado na quarta-feira, confirmando uma reportagem da Bloomberg News na semana passada.
A Índia introduziu um sistema de quotas em 2022-23 e limitou as exportações de açúcar a cerca de 6 milhões de toneladas depois das chuvas tardias terem cortado a produção, em comparação com 11 milhões de toneladas um ano antes. Não está claro nesta fase o tamanho da quota, se houver, para remessas internacionais que será atribuída aos moageiros para 2023-24.
Os futuros do açúcar bruto estão perto do seu nível mais alto desde 2011, devido às preocupações com a escassez de oferta da Índia e da Tailândia. Embora a proibição possa arrefecer os preços internos da Índia, é um golpe para os fabricantes globais de tudo, desde bebidas gasosas a chocolate e produtos de panificação.
O aumento do preço do açúcar nos mercados internacionais criou tensões económicas e sociais em muitos países em desenvolvimento, especialmente em África. Na África Oriental, os governos tiveram de enfrentar manifestações, por vezes violentas, da população contra o aumento dos preços do açúcar.
Mas, o governo indiano não quer arriscar um aumento da inflação e escassez interna de açucar, com vários estados a dirigirem-se às urnas no próximo mês, antes das eleições nacionais de 2024, quando o primeiro-ministro Narendra Modi procurará um terceiro mandato. O país registou as monções mais fracas dos últimos cinco anos e qualquer queda na produção agrícola aumentará a pressão sobre as autoridades para controlarem os preços dos alimentos.
A restrição não se aplica ao açúcar exportado para a União Europeia e os EUA sob alguns sistemas de quotas, segundo o aviso. Os países em desenvolvimento, sobretudo muitos países africanos, serão os mais atingidos pela medida.
Os preços domésticos do açúcar subiram cerca de 3% este ano, de acordo com dados compilados pelo Ministério da Alimentação. O governo controla indiretamente os custos, pois regula o volume que os moageiros podem vender todos os meses. A Índia também restringiu os embarques de açúcar orgânico, de acordo com a notificação.