O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Álvaro Leyva, pediu, nesta segunda-feira (16), ao embaixador israelita no país, Gali Dagan, que “peça desculpas e saia” em meio a uma tensa discussão entre seu governo e a diplomacia israelita no contexto da guerra contra o Hamas.
“A história da diplomacia universal registrará como marco a arrogância insensata do embaixador israelita na Colômbia com Gustavo Petro, Presidente da República. Vergonha. No mínimo, peça desculpas e saia. Inteligência se confronta com inteligência. Há Estados em jogo”, escreveu o chanceler colombiano em sua conta na rede social X, antigo Twitter.
A reação do chanceler ocorre um dia depois de Israel, um dos principais fornecedores de armamento para o exército colombiano, anunciar a suspensão das “exportações de segurança” para a Colômbia devido às declarações “antissemitas” de Petro sobre a guerra contra o Hamas.
Horas depois, na mesma rede social, Leyva esclareceu que, com sua mensagem inicial, apenas pedia “respeito” ao presidente Petro. “Entenda-se. Não disse que o embaixador de Israel foi expulso”, escreveu.
Desde o ataque do grupo islamita palestino, em 7 de outubro, e da represália posterior de Israel na Faixa de Gaza, Petro publicou no X uma série de comentários condenando o conflito e frequentemente favoráveis à causa palestina.
Em uma das postagens, ele evocou o Holocausto nazista ao se referir às ações do exército israelita em Gaza e aos bloqueios a que sua população é submetida.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat, afirmou no domingo que seu país recebeu estas declarações “com assombro”.
– “Reprimenda” –
Além de anunciar a suspensão das exportações de equipamentos de segurança, Haiat disse ter tido uma “conversa de reprimenda” com a embaixadora da Colômbia em Tel Aviv, Margarita Manjarrez, após as declarações de Petro, que qualificou de “hostis e antissemitas”.
As forças militares colombianas usam armas e aviões de fabricação israelita. Durante o governo do direitista Álvaro Uribe (2002-2010), as relações entre os dois países eram próximas e bem vistas pelos Estados Unidos, cujo exército é um dos principais aliados de seu similar na Colômbia.
Em resposta ao anúncio do porta-voz israelita, Petro assegurou no X que seu país não apoia “genocídios”, em alusão à guerra que já deixou milhares de mortos, a maioria civis, em Gaza e Israel.
“Se for preciso suspender relações exteriores com Israel, as suspenderemos (…) Não se insulta o presidente da Colômbia”, advertiu o chefe de Estado na tarde de domingo.
Em 8 de outubro, o embaixador de Israel em Bogotá denunciou que manifestantes picharam suásticas na fachada de seu gabinete.
Ainda nesta segunda, Petro escreveu uma enorme mensagem em referência ao “debate sobre a política internacional da Colômbia” que se desencadeou no domingo, e enumerou vários pontos dos quais seu governo busca se diferenciar dos anteriores.
O mandatário disse que a política exterior colombiana nas “últimas décadas” se baseou em uma sujeição diplomática aos Estados Unidos e que o serviço diplomático foi usado para “ocultar violações de direitos” e “perseguir” membros da oposição.
Embora não tenha feito uma nova referência ao conflito Israel-Hamas nem às mensagens de seu chanceler, o mandatário disse que seu governo baseia a política exterior “sempre e em todo lugar no direito internacional” e em “garantir a independência nacional”.