Sem comentar directamente os aumentos do Banco de Cabo Verde, José Maria Neves defendeu hoje que se deve “revisitar a política salarial do Estado para evitar incongruências, para evitar injustiças gritantes e também para não pôr em crise todo o sistema de mérito que deve nortear o funcionamento do Estado”, na esfera governamental.
O ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, justificou hoje os aumentos de 17% e 18% nas remunerações do governador e dos quatro administradores do banco central, respectivamente, com a necessidade de “evitar desequilíbrios, desajustamentos e disfunções existentes no Banco de Cabo Verde”.
Em causa, o facto de directores, consultores ou até assessores poderem “auferir um salário superior aos membros do conselho de administração” e de o banco central necessitar de atrair e manter quadros competentes.
Mas os aumentos motivaram críticas de várias figuras políticas, inclusivamente no Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder, assim como de estruturas sindicais.
A secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS) classificou o caso como um “escândalo nacional”, numa altura em que “toda a sociedade está a sentir na pele o aumento dos produtos”, com a inflação, sem aumentos salariais que reponham o poder de compra.