O Papa Francisco desafiou o presidente francês Emmanuel Macron e outros líderes europeus a abrir os portos às pessoas que fogem de dificuldades e pobreza, insistindo que o continente não enfrenta uma “emergência” migratória mas sim uma realidade a longo prazo com a qual os governos devem lidar humanamente.
“Aqueles que arriscam a vida no mar não invadem, procuram acolhimento. O fenómeno migratório não é tanto uma emergência momentânea, sempre boa para desencadear propaganda alarmista, mas um facto dos nossos tempos”, afirmou.
No segundo dia na cidade francesa de Marselha, o Papa reuniu-se com voluntários da ONG SOS Mediterranée, que salva vidas no mar, tendo recebido um colete salva-vidas infantil. Um gesto para destacar a perigosa travessia que os migrantes enfrentam ao tentar chegar à Europa.
O governo centrista de Macron adotou uma linha mais dura sobre questões de migração e segurança depois de ter sido criticado pelos conservadores franceses e pela extrema direita.
Com as eleições Europeias marcadas para o próximo ano, Macron tem vindo a pressionar para que a UE fortaleça as suas fronteiras externas e seja mais eficiente na deportação de indivíduos a quem é negada a entrada.
A viagem de dois dias de Francisco foi programada há meses, mas decorre num momento de grande fluxo migratório para a Europa.
Quase133 mil migrantes desembarcaram na pequena ilha italiana de Lampedusa desde o início do ano.