As autoridades militares do Gabão, que levaram a cabo um golpe de Estado e anunciaram esta quarta-feira a dissolução das instituições democráticas, revelaram que o presidente recentemente eleito está detido em prisão domiciliária.
O anúncio surgiu na televisão nacional do país, a Gabon 24, no qual as forças armadas declararam que as últimas eleições, realizadas no sábado, foram canceladas, após alertas por parte das autoridades nacionais e internacionais sobre fraude eleitoral no país.
“O presidente Ali Bongo está em prisão domiciliária, rodeado pela sua família e médicos”, declarou o militar que leu o comunicado, explicando que o líder do país, eleito em 2009, foi preso com um dos seus filhos por “traição”.
Depois de constatar “uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (…) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor”, declarou um dos soldados.
O mesmo militar, alegando falar em nome de um Comité de Transição e Restauração Institucional, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam “encerradas até nova ordem”.
De acordo com jornalistas da agência de notícias France-Presse, durante a transmissão televisiva ouviram-se tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.
Horas antes, a meio da noite, às 03:30 (mesma hora em Angola), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na sigla em francês) tinha divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.
A comissão eleitoral disse que o presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, tinha conquistado um terceiro mandato nas eleições de sábado com 64,27% dos votos expressos, derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, que obteve 30,77% dos votos.
O anúncio foi feito numa altura em que o Gabão estava sob recolher obrigatório e com o acesso à Internet suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das eleições.
O governo invocou o risco de violência, na sequência das declarações de Ondo Ossa, que exigia ser declarado vencedor.